O advogado e ex-vereador suplente Dr. Roberto Martins comentou os seis meses em que ocupou uma cadeira na Câmara Municipal de Valparaíso de Goiás. Ele falou sobre os projetos enviados pelo Executivo e as razões que o levaram a se posicionar contra algumas propostas.

“Tivemos projetos que tratavam do plano de cargos e salários, do estatuto do servidor e do regime jurídico. Desde o início, fui contra a tramitação em regime de urgência. Um projeto dessa magnitude precisa ser debatido com a comunidade e os servidores.”

Segundo ele, os textos apresentavam riscos de prejuízos aos funcionários públicos, principalmente pela falta de garantias claras sobre direitos adquiridos. “A progressão do servidor só vai acontecer se o prefeito quiser. Votamos um cheque em branco. Mesmo que o servidor estude, se qualifique, só vai progredir se a administração atingir metas.”

Dr. Roberto também criticou a incorporação da regência de classe ao piso dos professores. “No começo, o salário parece maior, mas essa regência vai ser perdida com o tempo. Isso desvaloriza o professor e afeta a qualidade do ensino.”

Outro ponto citado foi o fim do adicional por tempo de serviço. “Até na iniciativa privada isso existe. Retirar esse direito só vai fazer o servidor buscar concursos em outras cidades.”

Sobre sua saída da Câmara, ele afirma que houve pressão política para que fosse substituído. “Alguns vereadores foram ao prefeito e disseram: ‘Ou ele sai ou a gente não vota mais nada’. Isso é grave e mostra a falta de democracia de alguns.”

Dr. Roberto comentou ainda o retorno do titular Denis Bento, então secretário de Desenvolvimento Econômico. “Não estou dizendo que foi por isso, mas, se a exoneração aconteceu para garantir voto favorável ao projeto, é um ataque à independência dos poderes.”

Apesar de ter deixado o cargo, ele diz que seguirá atuando em favor da cidade. “Vou continuar sendo o 14º vereador de Valparaíso, mesmo que não seja de direito, mas serei de fato.”

Em nota, a Prefeitura de Valparaíso de Goiás informou que “não existe afastamento de suplente”, e sim o retorno do vereador titular Denis Bento ao exercício do mandato. “O Dr. Roberto Martins ocupava temporariamente a cadeira enquanto o titular estava licenciado”, diz o comunicado.