O anúncio de um aumento de 50% nas tarifas de importação feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acendeu um sinal de alerta no setor da construção civil no Distrito Federal e Entorno. Com o crescimento urbano em ritmo acelerado na região, a preocupação recai sobre os impactos diretos no custo de materiais e equipamentos utilizados em obras residenciais e comerciais.

“Esse aumento terá um grande impacto sobre os insumos importados dos EUA, como aço, alumínio, maquinário e até componentes de sistemas inteligentes usados em empreendimentos de alto padrão”, explica o consultor financeiro Symon Broker. Segundo ele, o Brasil ainda depende de diversos produtos importados ou de matérias-primas cujos preços são influenciados diretamente pela variação cambial. “O reflexo será o aumento nos custos das construtoras, sobretudo em projetos que demandam maior nível de acabamento ou tecnologia embarcada”, complementa.

O setor imobiliário deve sentir os efeitos da medida em até seis meses, especialmente nos lançamentos futuros ou em obras cujos orçamentos ainda estão abertos. “Empreendimentos com contratos atrelados ao INCC, Índice Nacional da Construção Civil, podem sofrer reajustes progressivos. Para o consumidor final, isso representa preços mais altos já nos próximos trimestres, caso a pressão sobre os insumos persista”, aponta Symon.

Symon Broker: “Empreendimentos com contratos atrelados ao INCC, Índice Nacional da Construção Civil, podem sofrer reajustes progressivos. Para o consumidor final, isso representa preços mais altos já nos próximos trimestres”. Foto: Reprodução

Além do encarecimento, há risco de desaceleração no ritmo das obras. Construtoras que operam com margens menores ou dependem fortemente de materiais importados podem adiar lançamentos ou rever cronogramas de entrega. “Obras em andamento geralmente já têm contratos fechados, mas ainda assim não estão totalmente protegidas. Dependendo do item, pode haver escassez de insumos ou aumento do custo logístico”, alerta o especialista.

Para quem pretende comprar um imóvel no DF ou Entorno, o momento atual pode ser estratégico. “Ainda é possível encontrar preços dentro do padrão atual, mas esse cenário pode mudar rapidamente. Imóveis na planta tendem a se valorizar duplamente: tanto pela entrega futura quanto pela inflação de custos que já começa a se desenhar”, orienta o consultor.

Symon reforça que o mercado imobiliário brasileiro precisa reagir com agilidade. “A saída está em fortalecer a cadeia de fornecedores nacionais, otimizar processos e investir em tecnologia local. O país ainda tem uma demanda habitacional significativa, o que mantém o setor aquecido. Quem se adapta primeiro, sai na frente — e quem compra agora entra antes da nova curva de valorização”, conclui.