Por Luan Martins

Documentos da folha de pagamento e contracheques obtidos pelo Jornal Opção Entorno expõem uma série de irregularidades na administração pública de Valparaíso de Goiás. Mais de 40 servidores lotados como agentes de vigilância ou auxiliares administrativos aparecem recebendo gratificações e adicionais que elevam os salários muito acima do previsto para os cargos. Em alguns casos, a remuneração ultrapassa R$ 18 mil.

Um dos exemplos mais chamativos é o de Cristiano Henrique de Andrade, com o cargo de agente de vigilância, exerce a função de assessor especial do prefeito II. Embora atue em atividade administrativa no gabinete, ele recebe adicional de periculosidade — benefício previsto para profissionais expostos a risco físico, como vigilantes armados. Na folha de ponto do mês de agosto descreve que ele carga horária de 200 horas mensais.

A análise mostra que a maior parte dos servidores aparece lotada formalmente na área de “Segurança/Vigilantes”, mas recebe vencimentos incompatíveis com a função. Os documentos sugerem indícios de desvio de função ou acúmulo irregular de benefícios financeiros.

Enquanto em cidades vizinhas, como Novo Gama e Cidade Ocidental, guardas municipais recebem entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil. Os salários destoam da média regional, sem justificativa clara ou transparente.

Histórico da Guarda Municipal

Criada em 2017 por lei complementar, a Guarda Municipal de Valparaíso foi anunciada como promessa de profissionalização da segurança pública, com 52 guardas que atuavam no patrulhamento. No entanto, a transformação de vigilantes em guardas sem concurso gerou questionamentos jurídicos e, na prática, enfraqueceu a corporação. A Guarda Municipal deixou de atuar de forma efetiva, coincidindo com o aumento da violência no município.

Prefeitura não se posiciona

A Secretaria de Administração, comandada por Maria Auxiliadora — ex-guarda municipal —, é a responsável pela gestão da folha de pagamento. Entramos em contato através de diversas ligações, sem sucesso. Por mensagem ela se resumiu a responder: “São denúncias infundadas, feita pelos os próprios servidores da segurança Patrimonial”.

Questionada pelo jornal, a Prefeitura de Valparaíso de Goiás não respondeu até a publicação desta matéria.