Vídeos revelam violência em esquema investigado em Luziânia
01 dezembro 2025 às 09h00

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As investigações conduzidas pela Polícia Civil de Luziânia continuam em andamento e buscam identificar outras vítimas, além de entender o alcance financeiro do esquema. Seis pessoas foram presas e seguem à disposição da Justiça. A OAB-GO informou que acompanha o caso apenas no campo ético e institucional e não oferecerá assistência jurídica à advogada investigada. Até agora, não conseguimos localizar a defesa dos acusados e nem da advogada para que se manifestassem. O espaço segue aberto.
Um dos presos é o sargento da PMGO Hebert Póvoa, que, segundo a investigação, integrava o grupo responsável pelas agressões. Ele também foi candidato a vereador em 2024, em Luziânia, pelo PL, usando imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha. Na época, se apresentava como defensor de valores conservadores, anticorrupção e de postura moralista. A prisão dele ocorreu dentro da mesma operação que levou à detenção dos outros cinco envolvidos.
Além de Póvoa, foram presos dois outros policiais militares, dois civis e a advogada Tatiane Meireles, apontada como esposa do líder do grupo. A denúncia que desencadeou a operação partiu da própria Polícia Militar de Goiás, que comunicou às autoridades o esquema de cobrança com uso de violência.
Os vídeos reunidos pela investigação mostram as agressões sofridas por pessoas que teriam dívidas com o grupo. Em uma das gravações, um homem aparece de joelhos ao lado de um carro enquanto é golpeado com um taco. A mulher que o agride manda que ele levante os braços. Em outra cena, uma mãe solteira sentada em uma cama recebe ameaças. Há também o registro de um homem em uma cadeira, chorando e se ajoelhando, enquanto outro o ameaça segurando duas armas.
As imagens também mostram frases ditas durante as agressões. Em uma delas, um dos envolvidos afirma: “Tira da casa dos outros. Aqui no Goiás você vai aprender como funciona”, além de ordens para que a vítima se apresentasse “até as 9 da noite”. Em outro vídeo, quando uma pessoa tenta recuperar a lente dos óculos e diz não enxergar, o agressor responde: “Então vai morrer atropelado.”
A advogada Tatiane Meireles aparece em uma das filmagens golpeando um homem com um cassetete enquanto grita para que ele levante o braço. Segundo as investigações, além de atuar na área jurídica, ela teria participação direta nos espancamentos.
Durante as buscas, foram apreendidas armas de fogo e cerca de R$ 10 mil em dinheiro. As apurações apontam que o grupo atuava como uma organização criminosa voltada para agiotagem, extorsão, tortura e possível lavagem de dinheiro.
A OAB subseção de Luziânia afastou Tatiane de forma preventiva do cargo que ela ocupava na Comissão de Direitos Humanos desde agosto e informou que instaurará procedimento disciplinar. A instituição reafirmou que não compactua com práticas de violência.
Parte dos elementos analisados também indica que o sargento Póvoa havia passado um longo período afastado da corporação por problemas psicológicos, retornando recentemente, embora ainda sem atuar em serviço operacional.
As autoridades seguem apurando o funcionamento do esquema e a existência de novas vítimas.
