Luziânia tem novo bispo, que assume a diocese a partir de 2 de agosto

07 junho 2025 às 10h14

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Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção Entorno, Dom Francisco Agamenilton Damascena revelou que sua vida passou por grandes mudanças após receber a missão do Papa Leão XIV. Segundo ele, houve um verdadeiro “congestionamento de atividades” e foram necessários alguns dias para reorganizar a rotina.
Natural de Currais Novos (RN), Dom Agamenilton completará 50 anos no próximo dia 26 de junho. O bispo começou sua vida religiosa no Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora de Fátima, em Brasília. Logo, foi enviado para Roma. Na capital da Itália, estudou Filosofa e Teologia no Ateneo Pontificio Regina Apostolorum. A Igreja Católica o nomeou presbítero, em 2001, radicando-o em Niquelândia. Era, então, subordinado à Diocese de Uruaçu. Chegou a Goiás em 1985, diretamente para a cidade de Niquelândia, onde conheceu de perto a força do catolicismo no Centro-Oeste brasileiro. Suas raízes familiares estão no estado: os pais vivem em Anápolis, um irmão mora em Valparaíso e outro é caminhoneiro.
A Diocese de Luziânia abrange os municípios de Luziânia, Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental, Cristalina, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás, somam mais de 1,031 milhão de pessoas.

Graciliano Cândido – Como foi receber essa missão do Papa Leão XIV para presidir a Diocese de Luziânia? Uma cidade histórica, com 278 anos, onde a religião católica é predominante.
Dom Agamenilton – Eu recebi esse chamado da Nunciatura Apostólica, que entendo, antes de tudo, como um chamado de Deus. Portanto, acolho na fé. Foi no dia 21 de maio, uma quarta-feira. O monsenhor Gabriel me telefonou e comunicou que o Papa Leão XIV havia me transferido da Diocese de Rubiataba-Mozarlândia para Luziânia. Fiquei surpreso, não esperava por isso. Estou aqui há quatro anos e meio, estava bem, mas Deus é quem chega e me chama.
Com alegria, acolhi esse chamado, disse “sim” e vou para a Diocese de Luziânia movido pela fé, pela confiança em Deus e com a disposição de servir essa parte do nosso Goiás que é tão abençoada. Abençoada pelo Divino Espírito Santo, por Santa Luzia. Essa terra foi construída, povoada e edificada por tanta gente de bem. Então, recebo essa missão com alegria e disposição, pronto para prosseguir o caminho já iniciado.

Graciliano Cândido – Como o senhor pretende trabalhar em prol da Igreja e do povo de Luziânia, tradicionalmente católico?
Dom Agamenilton – Num primeiro momento, quero chegar e acolher o povo da Diocese de Luziânia. Conhecer essa gente, escutar suas histórias, suas alegrias, suas esperanças. Não levo nenhum modelo de Igreja, a não ser aquele proposto por Jesus Cristo e ensinado pela própria Igreja. Não levo projetos pessoais, levo o projeto de Deus. E, escutando o povo e escutando Deus, vamos juntos abrindo caminhos para continuar a evangelização.
A coisa mais importante que quero levar ao povo de Luziânia é Jesus Cristo. Essa é minha primeira e fundamental tarefa: levar Jesus Cristo. Levar o Evangelho, levar a bênção, a graça, e entregar minha vida para que Jesus chegue às pessoas que aí estão.
O modo de ser Igreja, o modo de governar a diocese, isso vamos construindo aos poucos, conforme a realidade for nos pedindo. Quero caminhar em sintonia com a Igreja, em comunhão com o Papa e com os bispos da Província Eclesiástica de Brasília.
Graciliano Cândido – Sua formação é bastante rica: doutor em Filosofia pela Universidade de Roma, especialista em docência superior, licenciado em Filosofia e fluente em espanhol, italiano, francês e inglês. Toda essa bagagem ajuda na sua missão de evangelizar?
Dom Agamenilton – Na minha vida presbiteral, meu bispo na Diocese de Uruaçu, Dom José Silva Chaves, com o objetivo de fundar um seminário na cidade, me enviou a Roma para realizar esses estudos e iniciar o seminário ali, onde fui professor.
Todo esse itinerário acadêmico teve como objetivo a construção de um seminário maior em Uruaçu. Dom José Chaves e Dom Messias me enviaram para Roma para que eu pudesse exercer o magistério de Filosofia e colaborar na formação de novos padres na diocese. Por isso esse currículo.
Meus bispos investiram em mim – e também em outros padres – para garantir qualidade na formação sacerdotal. Procurei dar o meu melhor.

Graciliano Cândido – No próximo dia 2 de agosto, às 10h, na Igreja Matriz, será celebrada a missa em que o senhor será oficialmente empossado como bispo de Luziânia. Já conhece a cidade?
Dom Agamenilton – São 40 anos de Goiás, com algumas pausas por causa dos estudos no exterior, mas reconheço que essa região ainda precisa ser desbravada por mim. Tenho um irmão que mora em Valparaíso, no Parque Marajó. Visito-o sempre.
Em 1993, eu era seminarista da Diocese de Uruaçu, no Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Brasília. Na ocasião, participei da festa de cinco anos de criação da Diocese de Luziânia. Fui à cidade em um encontro promovido pela Canção Nova. Eu estava lá. Um projeto de gente, um projeto de padre, e jamais imaginei que seria o bispo daquela cidade. São os caminhos de Deus.
Graciliano Cândido – Qual mensagem o senhor deixa para os católicos da Diocese de Luziânia, que somam mais de 1,031 milhão de pessoas?
Dom Agamenilton – Deixo a todo esse povo de Deus que está no Entorno do Distrito Federal a minha bênção, meu abraço fraterno. Vocês já estão no meu coração e nas minhas orações desde a primeira hora em que Deus me chamou para ser bispo dessa diocese.
Desejo levar o Evangelho de Jesus Cristo e colaborar para que cada um de vocês tenha vida, e vida em abundância. Contem comigo. E eu também quero contar com esse povo que caminha entre alegrias, esperanças e desafios.
Quero contar com todos os católicos, com as pessoas de outras denominações cristãs. Também com pessoas de outras religiões e com todos de boa vontade. Conto, ainda, com a colaboração das autoridades constituídas no Entorno do DF.
Coloco-me à disposição para servi-los e ajudar a construir e promover o bem comum, segundo aquilo que nos cabe como Igreja Católica, como Diocese. Podem contar comigo para que, juntos, possamos unir forças e promover uma sociedade mais justa, fraterna e pacífica.
Graciliano Cândido – De que forma as pessoas podem contribuir ou colaborar com seu trabalho à frente da Igreja e da Diocese de Luziânia?
Dom Agamenilton – Uma maneira de colaborar é colocando à disposição os dons que Deus concedeu a cada um. Esse é o convite que faço: você, católico, coloque à disposição o dom que Deus lhe deu. Juntos, como corpo, vamos ajudar na evangelização e expandir o Reino de Deus no coração das pessoas.
O diálogo também é um instrumento preciosíssimo para contribuir com o bem de todos.
Graciliano Cândido – Fique à vontade para fazer suas considerações finais.
Dom Agamenilton – Quero agradecer a vocês do Jornal Opção e à imprensa de modo geral por essa proximidade. Sei que muitos veículos noticiaram minha nomeação, esse momento tão importante para a comunidade católica da região. Agradeço pelo serviço de vocês, pela comunicação que ajuda a tornar o mundo melhor.
Que Deus abençoe muito vocês da imprensa, vocês do Jornal Opção e, particularmente, você, Graciliano.