Um mês após a liberação de R$ 9 milhões para conter a voçoroca que se formou às margens da BR-040, em Valparaíso, as obras emergenciais ainda não começaram. Apesar de a intervenção ter sido classificada como prioritária, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) ainda não definiu uma data para o início dos trabalhos no local.

Erosão preocupa motoristas e população da cidade que vive com o problema há 20 anos. Foto: Graciliano Cândido/ Jornal Opção

A cratera, que já ultrapassa 500 metros de extensão e chega a cerca de 20 metros de profundidade, é resultado do escoamento desordenado de águas pluviais, agravado por ocupações urbanas sem planejamento. A erosão coloca em risco a estrutura da BR-040 e de uma linha férrea próxima, utilizada para transporte de combustíveis e mercadorias. A rodovia é uma das mais importantes do Centro-Oeste e registra tráfego diário estimado em cerca de 100 mil veículos.

Em nota, o DNIT informou que ainda realiza estudos preliminares para a elaboração do projeto de contenção da erosão. A autarquia afirma que, antes do próximo período chuvoso, será executada uma intervenção paliativa para estabilizar a área nas proximidades da rodovia, garantindo a segurança dos motoristas. Somente após a conclusão desses estudos será iniciado o processo licitatório para a obra definitiva.

A assessoria do deputado federal Vanderlan Cardoso (PSD), que acompanha o caso, também confirmou que o DNIT ainda não apresentou uma data para o início das obras, mas afirmou que o processo licitatório está sendo monitorado de perto.

Especialistas ouvidos anteriormente pelo Jornal Opção Entorno destacam que o problema vai além da cratera visível. O advogado Luiz Roberto apontou que a situação é resultado de anos de falta de planejamento urbano e da ausência de ações coordenadas entre os entes públicos. Segundo ele, a erosão ameaça não apenas a rodovia e a linha férrea, mas outros bens públicos da região.

A especialista em reabilitação urbana, gestora ambiental e mestranda em drenagem sensível à água (UnB) Paloma Ludmyla explicou que esse tipo de erosão tende a se agravar em áreas com alta impermeabilização do solo e ausência de drenagem adequada. Para ela, além das ações emergenciais, é imprescindível investir em soluções estruturais, como a construção de bacias de retenção para conter o volume e a força das águas pluviais. Paloma defende também a inclusão de medidas de requalificação ambiental e de respeito ao planejamento urbano no projeto definitivo.

A área afetada chegou a ser prevista como parque ambiental em propostas anteriores, mas o projeto nunca saiu do papel. Enquanto isso, a voçoroca continua avançando, e o início efetivo das obras permanece sem prazo.

A Prefeitura de Valparaíso de Goiás informou que, no dia 7 de junho, técnicos do DNIT estiveram na cidade para realizar levantamentos topográficos e mapeamento aéreo com drones na região afetada. De acordo com a administração municipal, essa atividade faz parte da fase inicial dos trabalhos preparatórios para as obras emergenciais, com o objetivo de conter danos e prevenir novos alagamentos.

A empresa Dynatest, contratada pelo DNIT, já está atuando em campo para complementar os estudos técnicos. A área foi isolada como medida preventiva, e a prefeitura orienta os moradores a respeitarem a sinalização instalada no local. Segundo a nota, as ações são fruto de articulação junto ao Governo Federal, com apoio de parlamentares e do Ministério dos Transportes.

Além disso, o município afirmou que está em tratativas com o Ministério das Cidades para viabilizar a liberação de R$ 50 milhões destinados a obras definitivas de drenagem na BR-040. A prefeitura reforçou o compromisso com a segurança, a infraestrutura e a qualidade de vida da população, e afirmou que continuará atuando em parceria com os órgãos competentes para garantir as melhorias necessárias.

Leia também:

Erosão na BR-040 exige mais que obras emergenciais, alertam especialistas