Ponte Velha de Corumbá de Goiás gera impasse entre prefeitura, moradores e Ministério Público

A ponte General João José de Campos Curado, conhecida como Ponte Velha, construída em 1897, é um dos principais acessos entre o setor Alto do Corumbá e o centro de Corumbá de Goiás. O local, que há décadas serve de passagem para veículos e pedestres, se tornou centro de uma polêmica entre prefeitura, moradores e órgãos de preservação histórica.

Segundo a secretária de Turismo, Gheovanna Lowrranny, a ponte será retirada para dar lugar a uma nova estrutura de cimento. “Ela voltará ao mesmo local, mas com uma base mais segura. O problema é que há pessoas dizendo que ela precisa ser colocada da forma original. Hoje, a obra está embargada por causa da oposição, que não aceita a mudança para dar mais segurança à população”, afirmou.

O prefeito Chico Vaca (PL) também falou com a reportagem. Ele explicou que a ponte já caiu duas vezes e que não há condições de uso. “Ela não é tombada de forma municipal, existe um decreto que será revogado. A ponte não passa cadeirante, não tem estrutura nenhuma. Será de cimento revestida de madeira, com base de concreto e dois metros mais alta, porque as enchentes acabam levando tudo”, disse.

De acordo com o prefeito, os recursos para a obra, cerca de um milhão de reais, já estão na conta do município. No entanto, a oposição se posiciona contra a passarela lateral de cimento e o revestimento em concreto. “A ponte não pode continuar daquele jeito. Quando um carro passa, o pedestre tem que esperar, sem falar no risco durante as chuvas”, completou o gestor.

No dia 20 de outubro, o Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio da Promotoria de Justiça de Corumbá de Goiás, solicitou ao município informações técnicas sobre a ponte, após receber denúncias de que ela estaria ameaçada de demolição. O promotor Bruno Henrique da Silva Ferreira pediu esclarecimentos sobre as condições estruturais da ponte e se há possibilidade de restauração, mantendo suas características originais.

O promotor anexou ao pedido o Decreto Municipal nº 2.532/2023, que trata do tombamento de bens de valor histórico-cultural da cidade, e destacou que é dever do poder público municipal proteger o patrimônio histórico local, cabendo ao MP a defesa do patrimônio público e artístico.

Moradora há mais de três décadas nas proximidades da ponte, Dona Maria de Lourdes Silva, de 68 anos, lembra o quanto o local faz parte da vida dos moradores. “Eu moro aqui há 36 anos e vi muita coisa passar por essa ponte. É antiga, sim, mas é parte da nossa história. A gente só quer que façam algo seguro, mas sem apagar o que ela representa pra nós”, contou.

A Ponte Velha de Corumbá de Goiás tem importância histórica para a região e foi essencial no escoamento de produtos e na ligação entre comunidades vizinhas. Em fevereiro de 2024, a estrutura foi danificada por uma forte enxurrada, o que agravou o debate sobre sua recuperação.

Atualmente, a prefeitura defende a construção de uma nova ponte em concreto, argumentando que a antiga oferece risco à população e não comporta o tráfego atual. Já a Associação de Cultura e Defesa do Patrimônio Histórico de Corumbá de Goiás pede a restauração integral da estrutura original, preservando suas características e valor histórico.

O projeto da prefeitura está sendo analisado por órgãos competentes, e enquanto o impasse não é resolvido, a ponte permanece, deixando a população entre a saudade do passado e a espera por um futuro mais seguro.