População migra do DF para o Entorno em busca de moradia mais barata, aponta estudo

23 julho 2025 às 11h19

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Um estudo divulgado pelo ObservaDF, projeto da Universidade de Brasília (UnB), coordenado pelo professor de Ciência Política, Lucio Remuzat Rennó Junior, revelou transformações significativas no perfil populacional do Distrito Federal. Entre os principais destaques está o crescimento da população nas cidades do Entorno, impulsionado pela migração de moradores em busca de moradias mais acessíveis do que aquelas oferecidas no DF. O fenômeno ocorre em paralelo ao envelhecimento acelerado da população local, o que exige atenção redobrada das autoridades para áreas como saúde, mobilidade urbana e infraestrutura.
Segundo a pesquisa, entre 2017 e 2022, mais de 90 mil pessoas deixaram o Distrito Federal — a maioria rumo à chamada Periferia Metropolitana, que compreende municípios do Entorno. Essa migração tem como principal motivação o custo de vida mais baixo, com destaque para os preços de imóveis e o custo diário mais reduzido. Trata-se da primeira vez em que o DF apresenta um saldo migratório negativo desde sua fundação.
Ao mesmo tempo em que o DF perde população jovem para as cidades vizinhas, também enfrenta uma queda acentuada na taxa de fecundidade, atualmente em 1,5 filho por mulher — uma das mais baixas do Brasil. Isso tem reduzido a presença de crianças e adolescentes, sobretudo nas regiões administrativas com maior renda. Em áreas mais vulneráveis, como Estrutural, Recanto das Emas e Planaltina, os jovens ainda representam cerca de 25% da população, evidenciando desigualdades sociais e demográficas.
O envelhecimento da população do DF, por sua vez, avança em ritmo acelerado. Em 2010, pessoas com 60 anos ou mais representavam 5,6% dos habitantes. Em 2022, esse número mais do que dobrou, atingindo 12,3%. A projeção é que, até 2060, um terço da população do Distrito Federal será idosa, e metade terá mais de 50 anos.

Com base nos dados do Censo 2022 do IBGE, o relatório reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à terceira idade e de um novo olhar sobre o planejamento urbano da capital. A demanda por serviços de saúde especializados, transporte público adaptado, habitação adequada e inclusão social tende a crescer significativamente nos próximos anos.
O estudo também alerta para a urgência de reavaliar os investimentos em educação, com foco na ampliação do ensino integral e na oferta de mais oportunidades para os jovens que permanecem no DF. Além disso, destaca a assimetria no ritmo de mudanças entre as regiões administrativas e os impactos dessas transformações na qualidade e oferta dos serviços públicos.
O relatório completo está disponível no site do ObservaDF e deve servir como base para gestores públicos e planejadores urbanos que precisam pensar, desde já, no futuro da capital federal e Entorno e no bem-estar de sua população em todas as fases da vida.