Bolsonaro é internado em hospital de Brasília e deve passar por cirurgia para tratar hérnia

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi transferido nesta quarta-feira (24) da Superintendência da Polícia Federal, no Setor Policial Sul, para o Hospital DF Star, na Asa Sul, em Brasília, onde deve passar por uma cirurgia para correção de hérnias na região da virilha. A unidade hospitalar fica a cerca de 2 quilômetros do local onde ele estava custodiado.

Em entrevista nesta tarde, o cirurgião Claudio Birolini e o cardiologista Brasil Ramos Caiado explicaram que o procedimento ainda será realizado e que também está em avaliação a necessidade de um bloqueio anestésico no nervo frênico, indicado para o tratamento de crises persistentes de soluço.

Segundo os médicos, Bolsonaro apresenta um quadro emocional de ansiedade e abatimento em razão da cirurgia prevista. Ele está internado em uma ala isolada do hospital, sob custódia policial. Dois agentes permanecem na porta do quarto.

Entenda a cirurgia

De acordo com o cirurgião Claudio Birolini, a hérnia é reposicionada para dentro da cavidade abdominal durante o procedimento. “A hérnia se comporta como uma bexiga: quando há pressão, ela se projeta para fora. O tratamento consiste em empurrá-la de volta, reforçar a área fragilizada e, depois, colocar uma tela de polipropileno, um material plástico, para dar sustentação”, explicou.

O médico afirmou ainda que a cirurgia não poderá ser feita por laparoscopia ou por método robótico. Isso ocorre porque essas técnicas exigem acesso transabdominal, com a introdução de câmeras e instrumentos dentro do abdômen — o que, no caso de Bolsonaro, é contraindicado.

“Ele tem aderências decorrentes de cirurgias anteriores. O risco, ao introduzir uma pinça, é lesionar uma alça intestinal. Por isso, o acesso posterior não é indicado, e a opção mais segura é a cirurgia por via anterior”, disse Birolini.

Relação com a facada

Os médicos explicaram que a hérnia apresentada por Bolsonaro é comum em pessoas mais velhas, geralmente a partir dos 60 ou 70 anos. No entanto, o histórico cirúrgico após a facada sofrida em 2018 contribuiu para o agravamento do quadro.

“O envelhecimento natural dos tecidos favorece o aparecimento da hérnia, mas, no caso dele, houve um aumento da pressão intra-abdominal relacionado às cirurgias prévias e também às crises de soluço, o que potencializou o problema”, afirmou a equipe.

Segundo os médicos, será divulgado um boletim médico por dia, sempre no fim da tarde. Caso ocorra qualquer intercorrência ou fato relevante fora da rotina, um novo comunicado poderá ser emitido.