Brasília foi palco de um dia especial dedicado à força e à beleza feminina. O Pink Day, realizado em alusão ao Outubro Rosa, reuniu mulheres em tratamento contra o câncer de mama para celebrar a vida, resgatar a autoestima e inspirar outras pessoas a olharem para a doença com mais empatia e esperança.

Sidina Vale transformou a oportunidade em uma ação transformadora. Foto: Graciliano Cândido/ Jornal Opção

Idealizado pela empresária Sidina Vale, em parceria com a Volvo e o Instituto Pink Brasil, o evento nasceu de um gesto simples — e de uma ideia que surgiu de madrugada. “Eu estava com um carro rosa, uma homenagem ao Outubro Rosa, e pensei: o que posso fazer com isso? Acordei no meio da noite com a resposta. Quis levar esse carro até mulheres que enfrentam o câncer e transformar aquele gesto simbólico em um evento de amor”, conta Sidina.

No dia seguinte, ela reuniu parceiras e colocou o plano em ação. “Levamos dez pacientes do Hospital de Base para um dia inteiro de autocuidado e alegria. Elas ganharam roupas, sapatos, maquiagem, sorrisos e abraços. Foi emocionante. Mesmo passando por momentos difíceis, todas estavam radiantes e gratas por viver aquela experiência”, relembra.

“O cuidado com a mulher deve durar o ano inteiro”, diz presidente da 50 Tons de Rosa. Foto: Graciliano Cândido/ Jornal Opção

A presidente da Associação 50 Tons de Rosa e fundadora do Instituto Pink Brasil, Elaine Oliveira, foi uma das anfitriãs do evento. Para ela, o Pink Day vai muito além de uma data simbólica. “O câncer não escolhe data, então o cuidado com a saúde e com a autoestima da mulher também não pode ficar restrito a outubro. Queremos transformar o Pink Day em um movimento permanente, que aconteça o ano inteiro”, afirmou.

O Instituto Pink Brasil, segundo Elaine, trabalha com sete esferas do desenvolvimento feminino — espiritual, familiar, profissional, conjugal, infantil, entre outras. “A gente acredita que o crescimento da mulher começa de dentro pra fora. Quando ela se conecta com Deus e com o seu propósito, tudo começa a fluir”, explica.

O grupo, que reúne cerca de 600 mulheres apenas em Brasília, pretende levar a caravana Pink Day para outras cidades. “Nosso objetivo é destravar mulheres que, muitas vezes, estão presas por dores emocionais, doenças ou desafios pessoais. O câncer é só uma das batalhas — mas a gente quer ajudá-las a vencer todas”, completa.

“O câncer me ensinou a ser humilde e a valorizar a alegria”, diz paciente. Foto: Graciliano Cândido/ Jornal Opção

Entre as homenageadas, a paciente Cristiane Alves da Costa compartilhou o que a doença trouxe de aprendizado. “No começo, é muito difícil. A autoestima vai lá embaixo e as pessoas acham que o câncer tem uma cara: careca, fraca, abatida. Mas eu não quis ser assim. Eu escolhi mostrar alegria, mesmo na dor”, contou.

Cristiane diz que o Pink Day ajudou a reforçar sua autoconfiança. “Fazer uma maquiagem, escolher uma roupa nova, se sentir bonita… parece simples, mas muda tudo. Eu aprendi que o câncer não precisa tirar nossa essência. Quero mostrar para outras mulheres que dá pra viver bem, mesmo com a doença.”

Com um sorriso leve, ela resume: “O câncer me ensinou a respeitar mais, a julgar menos e a valorizar a vida em cada detalhe — do cabelo que cai à unha que cresce de novo.”

“Aprendi que o tempo e o amor são o que temos de mais precioso”, reflete Fátima. Foto: Graciliano Cândido

A paciente e voluntária Fátima Cardoso, em tratamento desde 2019, também participou do evento. Hoje, ela dedica parte do tempo à Rede Feminina de Combate ao Câncer, no Hospital de Base, acolhendo outras mulheres que iniciam o tratamento. “Eu doo lenços, turbantes, perucas e, principalmente, escuto. A gente conversa, chora e ri juntas. Esse acolhimento faz toda a diferença”, explica.

Fátima acredita que o voluntariado foi o grande presente que o câncer lhe deu. “Eu aprendi a não deixar nada pra depois. O tempo e o amor são os bens mais preciosos que temos. O câncer me ensinou a não me apegar ao que não importa e a valorizar o agora, porque o amanhã é incerto.”

Um buffet completo foi oferecido às participantes. Foto: Graciliano Cândido/ Jornal Opção

Uma corrente de amor e propósito

O Pink Day encerrou o Outubro Rosa de forma marcante, mas com um propósito que vai além do mês de conscientização. O movimento quer se transformar em uma ação contínua, levando autoestima, acolhimento e fé a mulheres em diferentes cidades e momentos da vida.

Como define Elaine Oliveira, “a luta contra o câncer é também uma luta pela vida, pela alegria e pela esperança. E quando a mulher se reencontra com tudo isso, ela renasce — em todos os tons de rosa.”