Sentir dores nos braços e pernas pode parecer algo comum no dia a dia, principalmente para quem trabalha muito, carrega peso ou passa horas na mesma posição. No entanto, o que muita gente não sabe é que essas dores, quando se tornam frequentes ou persistentes, podem ser um sinal de alerta para problemas mais sérios. Foi o que observou o Hospital Estadual de Formosa (HEF), unidade do Governo de Goiás, que registrou, nos últimos meses, 1.345 atendimentos relacionados a esse tipo de queixa. Esse número coloca as dores musculares e articulares como a segunda principal causa de procura pelo Pronto-Socorro da unidade, atrás apenas de sintomas respiratórios.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças musculoesqueléticas, como lombalgia, artrite e dores nas articulações, estão entre as principais causas de incapacidade no mundo, impactando a qualidade de vida e a produtividade das pessoas. A coordenadora do Núcleo de Epidemiologia do hospital, Karolina Reis, explica que é comum as pessoas ignorarem a dor, tratando-a como algo passageiro. No entanto, ela alerta que isso pode ser perigoso. “A dor persistente não deve ser ignorada. Muitas vezes ela é o primeiro sinal de um problema mais grave. Se não for investigada a tempo, pode piorar e comprometer a saúde da pessoa. É importante buscar um médico assim que os sintomas aparecerem. Além disso, precisamos orientar a população sobre a importância de manter a postura correta, praticar atividade física da forma certa e cuidar de doenças crônicas que podem estar ligadas a essas dores”, afirma.

O hospital reforça que, além da assistência oferecida no Pronto-Socorro, é fundamental investir no cuidado contínuo e na prevenção. Doenças como diabetes e hipertensão, por exemplo, podem contribuir para o surgimento dessas dores e, por isso, devem ser acompanhadas de perto.

É importante ficar atento aos sinais que indicam a necessidade de procurar ajuda médica. Dores que duram mais de três dias, inchaço, vermelhidão, aumento da temperatura no local afetado, formigamento ou perda de força nos braços ou pernas são sintomas que exigem avaliação. Casos acompanhados de febre, histórico de doenças como trombose, reumatismos ou traumas recentes também merecem atenção especial. Idosos e pessoas com doenças crônicas devem redobrar os cuidados, pois fazem parte do grupo de risco.

O médico Wanderson Sant’Ana, coordenador do Pronto-Socorro do HEF, alerta que um dos principais erros é o uso de medicamentos sem prescrição. “Recebemos muitos pacientes com dores musculares ou articulares que se automedicaram e só procuraram atendimento quando o quadro já estava agravado. Uma dor que dura mais de três dias, que irradia, ou que vem acompanhada de inchaço, dormência ou perda de força precisa ser avaliada por um profissional de saúde. Muitas pessoas atribuem essas dores ao esforço físico diário ou à prática de atividades esportivas. No entanto, quando são persistentes, surgem sem causa aparente ou vêm acompanhadas de outros sintomas, é necessário investigar. Esses sinais podem ser indicativos de algo mais sério, como inflamações, lesões ou até doenças crônicas. Não é recomendado insistir em automedicação ou esperar que a dor desapareça sozinha. O atendimento precoce aumenta as chances de recuperação e evita complicações futuras”, destaca o médico.

Para evitar esse tipo de problema, o hospital orienta a adoção de hábitos simples que fazem toda a diferença: praticar exercícios físicos com acompanhamento, manter uma boa postura, evitar longos períodos na mesma posição, fazer alongamentos ao longo do dia, hidratar-se bem e manter uma alimentação equilibrada. Também é importante respeitar os limites do corpo, principalmente ao carregar peso ou realizar tarefas repetitivas.

Caso a dor apareça fora do normal e não passe com o tempo, a orientação é clara: procure um profissional de saúde. O cuidado com o corpo começa com a atenção aos sinais que ele dá.