Turismo de aves avança em Alto Paraíso

27 junho 2025 às 13h13

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A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) deu início à elaboração de um inventário das espécies de aves encontradas no Parque Estadual Águas do Paraíso (Peap), em Alto Paraíso de Goiás. A iniciativa tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre a diversidade da avifauna local e incentivar o turismo sustentável de observação de aves, também conhecido como birdwatching, como alternativa de geração de renda para as comunidades da região.
O projeto é desenvolvido em parceria com o grupo “Oia Passarinhar”, formado por observadores de aves que promovem debates e disponibilizam materiais para fomentar a prática no Brasil. A primeira etapa está centrada na produção de um inventário detalhado das espécies presentes no parque, sob a coordenação do ornitólogo Marcelo Lisita Junqueira.
Nas campanhas realizadas em janeiro e abril deste ano, foram registradas 159 espécies de aves, entre elas espécies nativas, como o suiriri-da-chapada e a meia-lua-do-cerrado, além de exemplares ameaçados de extinção, como o tico-tico-de-máscara-negra, a campanhia-azul e o mineirinho. Um novo registro para o município também foi identificado durante as atividades.

O inventário será atualizado a cada dois meses ao longo do ano, estratégia que aumenta as chances de observação de espécies raras e ameaçadas — as mais atrativas para observadores de aves nacionais e estrangeiros. As informações levantadas serão utilizadas na produção de um guia de bolso ilustrado, com a lista completa das aves do parque. O material será distribuído para condutores e guias turísticos locais.
Capacitação de moradores locais
Além do levantamento das espécies, a Semad e seus parceiros também promoverão oficinas de capacitação e conscientização, a partir do segundo semestre de 2025. Os encontros serão voltados a moradores de assentamentos rurais do entorno do parque que tenham interesse em atuar como guias de observação de aves.
As capacitações serão ministradas por ornitólogos do grupo “Oia Passarinhar”, que elaboraram uma cartilha específica para esse público. Os encontros terão caráter teórico e informativo, abordando técnicas de observação, noções de conservação e o potencial da atividade como fonte de renda. As datas das oficinas serão divulgadas em breve.
Turismo em ascensão
A observação de aves é uma prática consolidada em países da Europa e nos Estados Unidos, e vem ganhando força no Brasil, impulsionada pela popularização de equipamentos fotográficos e pelo fácil acesso a informações, seja em guias impressos ou em plataformas digitais especializadas.
Considerada uma tendência do turismo sustentável e de contemplação, a atividade tem baixo impacto ambiental e contribui para a conservação da biodiversidade. Afinal, quanto mais preservada for a natureza, maior a chance de observação de espécies.
O potencial econômico também é significativo. Um levantamento realizado em 2016 pelo Departamento de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos apontou que a observação de aves movimenta cerca de US$ 80 bilhões por ano na economia americana.
O Brasil, segundo país com maior diversidade de aves no mundo — atrás apenas da Colômbia — abriga quase duas mil espécies, o que representa aproximadamente 18% de todas as aves registradas globalmente e mais da metade das espécies da América do Sul. A Amazônia concentra o maior número de registros, com cerca de 1,3 mil espécies, enquanto o Cerrado abriga aproximadamente 840.
Com iniciativas como essa, o Cerrado goiano avança na valorização do seu patrimônio natural e na promoção de práticas que aliam conservação ambiental e desenvolvimento sustentável.