A defesa dos moradores atingidos pelo desabamento de residências no Condomínio Flores do Bosque, em Valparaíso de Goiás, divulgou nota à imprensa nesta terça-feira (5) para rebater informações que, segundo eles, têm sido divulgadas de forma equivocada, inclusive à imprensa. As declarações atribuiriam aos próprios representantes legais dos moradores a responsabilidade pela suspensão da hospedagem das famílias em hotéis.

De forma categórica, a nota afirma que não é verdadeira a alegação de que a interrupção das hospedagens ocorreu por falta de resposta ou omissão do advogado de defesa. Segundo o comunicado, os advogados atuam desde o início da tragédia com acompanhamento direto às famílias, mediação com a empresa responsável e cobrança de providências urgentes para garantir segurança e acolhimento digno às vítimas.

A defesa acrescenta que a própria representante da Bela Mares Incorporações negou ter responsabilizado os advogados pela suspensão do auxílio, o que comprovaria, de acordo com a nota, que as informações divulgadas são “incorretas e distorcidas”.

O documento reforça que toda a responsabilidade pelo suporte emergencial, manutenção das estadias e oferta de alternativas habitacionais recai sobre a construtora Bela Mares, apontada como causadora dos danos. Os advogados destacam que não têm qualquer gerência sobre pagamentos, reservas ou contratos com hotéis, cabendo-lhes apenas a cobrança judicial pelo cumprimento das obrigações.

A nota também cita trechos de uma decisão liminar da Justiça que determina:

  • A imediata suspensão das obras da construtora no terreno vizinho, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, limitada a R$ 600 mil;
  • A manutenção da estadia das famílias em hotéis, com alimentação incluída, até a liberação das casas ou até o fim do processo;
  • Como alternativa, o pagamento mensal de R$ 1.700 para aluguel até que os imóveis sejam reabilitados ou que haja decisão final;
  • A liberação para retirada dos bens que permanecem nas residências, desde que atestado por profissional habilitado que não há mais risco, com custeio da mudança e armazenamento sob responsabilidade da empresa.

A Justiça considerou haver indícios suficientes para atestar a veracidade dos relatos dos moradores, com base em parecer técnico de um engenheiro. O laudo apontou ausência ou falhas em medidas de contenção durante escavações realizadas no terreno, o que teria causado o desabamento.

O colapso das casas teve início com rachaduras e movimentação do solo, culminando no desmoronamento de muros e estruturas. A Defesa Civil de Valparaíso determinou a evacuação imediata das famílias, após constatar risco iminente de ruína. Até o momento, os imóveis permanecem interditados, e os moradores continuam sem acesso a bens, sem poder dormir ou realizar reparos em suas residências.

Inicialmente, a construtora propôs o valor de R$ 40 por dia para alimentação, considerado insuficiente pelos moradores. Posteriormente, a Bela Mares passou a oferecer hospedagens em hotéis e auxílio financeiro, conforme o tamanho das famílias. Mesmo assim, os atingidos afirmam que o apoio tem sido irregular e insuficiente.

A nota da defesa classifica como “descompromisso com os fatos e desrespeito à dor das famílias que perderam seus lares” a tentativa de transferir a responsabilidade pela suspensão das hospedagens aos advogados dos moradores.

Na segunda-feira (4), a construtora Bela Mares divulgou nota própria, alegando que vem tentando contato com o advogado responsável pelas famílias, mas que não teria obtido retorno. Segundo a empresa, a falta de resposta inviabilizou a formalização de novas medidas para continuidade do auxílio emergencial.

A construtora afirma ter apresentado listas de imóveis e propostas, e sustenta que o “silêncio da defesa” pode indicar a vontade dos moradores. Ainda segundo o comunicado, a empresa segue aberta ao diálogo e busca soluções conjuntas, sem prejuízo de futuras discussões judiciais sobre reparações e indenizações.

Em resposta, os representantes das famílias negam qualquer omissão e afirmam que seguem atuando judicialmente, inclusive com decisão favorável da Justiça que obriga a empresa a cumprir com suas responsabilidades de assistência.

A situação segue acompanhada pelo Judiciário, e uma audiência de conciliação já está prevista, com expectativa de novas decisões ao longo do processo.

Em nova nota divulgada nesta terça-feira (5), a Bela Mares informou que, até o momento, todos os pagamentos referentes às hospedagens estão em dia e vêm sendo realizados pontualmente. A empresa reafirmou seu compromisso com a realocação das famílias afetadas e declarou estar adotando todas as medidas possíveis para garantir uma solução rápida, segura e adequada para todos os envolvidos.

A construtora também informou que continua em diálogo com a equipe jurídica dos moradores para definir, de forma conjunta e responsável, os próximos passos relacionados à situação. Por fim, reiterou seu compromisso com a transparência e o respeito a todas as partes envolvidas.