Prefeitura de Cidade Ocidental prevê gasto de mais de R$ 300 mil em shows

Em apenas uma semana, o prefeito Luiz Viana “Lulinha” (PP) de Cidade Ocidental autorizou contratações que somam mais de R$ 336 mil para shows musicais e serviços de segurança de eventos. Os contratos, feitos por meio de inexigibilidade e dispensa de licitação, foram publicados no Diário Oficial entre os dias 20 e 22 de agosto.

Os recursos já estão empenhados para apresentações artísticas durante o aniversário da cidade e o Encontro Nordestino. Só a banda Mastruz com Leite tem contrato de R$ 200 mil para show marcado no próximo dia 30. O Ministério de Louvor Xote Santo deve receber R$ 75 mil, enquanto o cantor Nilson Freire aparece em dois contratos que juntos chegam a R$ 40 mil. Para a segurança dos eventos, a prefeitura ainda destinou R$ 41,4 mil à contratação de uma empresa de vigilância privada.

Enquanto a programação de festas é organizada, moradores denunciam a precariedade da saúde pública, além de outras áreas básicas. Nesta quinta-feira (21), o falecimento do pequeno João Miguel, de apenas 2 anos, dentro do Hospital Municipal, reacendeu as críticas contra o atendimento oferecido. A criança deu entrada pela manhã com vômito e diarreia, foi medicada e liberada, mas voltou em estado grave no fim da tarde e não resistiu.

Há dois meses, Maria Eduarda, de 6 anos, também morreu na mesma unidade após ser medicada para uma crise de bronquite asmática. O pai acusa o hospital de negligência:
“Minha filha entrou andando, só com dificuldade para respirar, e saiu sem vida. Até hoje não nos deram respostas claras do que aconteceu”, disse revoltado.

Mesmo após a reinauguração do hospital há cinco meses, pacientes relatam falta de medicamentos, exames básicos indisponíveis e encaminhamentos forçados para a rede particular. O aposentado José Augustinho Batista, de 60 anos, afirmou que precisou buscar fora um exame fundamental:
“Fiz um raio-x e me mandaram procurar tomografia em clínica particular. E se for um câncer no meu cérebro? Como vou pagar, se só recebo um salário mínimo?”, questionou.

Para a população, as recentes mortes infantis e a dificuldade de atendimento escancaram o colapso do sistema de saúde municipal. Enquanto famílias aguardam respostas e enfrentam filas, a gestão já garantiu recursos para as festas.

A reportagem do Jornal Opção Entorno tentou contato nesta sexta-feira (23) com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Cidade Ocidental, para esclarecer as prioridades da gestão e os valores gastos com shows, mas, como em outras ocasiões, não obteve retorno.