Operação Armlock: MP aponta desvio de verbas do esporte no DF para eventos privados

11 setembro 2025 às 13h54

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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) desencadeou, nesta quinta-feira (11/9), a segunda fase da Operação Armlock. A ofensiva, conduzida pela Vice-Procuradoria-Geral de Justiça em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), contou ainda com o apoio do Ministério Público de Goiás, da Corregedoria da Polícia Civil e do Departamento de Combate à Corrupção (Decor). Foram expedidos 21 mandados de busca e apreensão em endereços do DF e de Goiás.
Segundo os investigadores, convênios firmados pela Secretaria de Esporte e Lazer (SEL-DF) com a Associação Centro-Oeste de Jiu-Jitsu (COJJ) teriam servido apenas de fachada. Os recursos liberados, de acordo com o MP, foram direcionados a eventos privados da Federação Brasiliense de Jiu-Jitsu Desportivo (FBJJD) e parte do dinheiro acabou sendo apropriada por integrantes da organização criminosa, segundo as investigações.
As apurações também apontam que empresas forneciam orçamentos fictícios, notas frias ou superfaturadas para inflar os valores pagos pela secretaria. Esse artifício possibilitava que quantias bem maiores que o necessário fossem repassadas e repartidas entre empresários, dirigentes e servidores públicos envolvidos.
Servidores da própria SEL-DF também aparecem nas investigações, acusados de dar aval e acompanhar todos os processos administrativos até a liberação das verbas. O MP destaca o papel de Francisco Grisolia Santoro, presidente de fato da FBJJD, como o principal articulador do esquema. Ele teria contado com a colaboração da então secretária de Esporte e Lazer, Giselle Ferreira de Oliveira, hoje titular da Secretaria da Mulher.
Outro citado é o ex-deputado distrital Reginaldo Rocha Sardinha, suspeito de destinar emendas parlamentares a projetos fictícios da COJJ em troca de participação no montante liberado.
O que dizem os citados
A secretária Giselle Ferreira afirmou, em nota, que todos os procedimentos durante sua gestão seguiram a legalidade e a transparência. Ela garantiu estar à disposição para prestar esclarecimentos e reforçou seu compromisso com a ética na administração pública.
A Secretaria de Esporte e Lazer declarou que acompanha de perto o trabalho das autoridades e reiterou a adoção de práticas de governança para garantir o uso correto dos recursos públicos.
A Associação Centro-Oeste de Jiu-Jitsu disse não ter qualquer ligação com a Federação Brasiliense de Jiu-Jitsu Desportivo. Afirmou que os eventos realizados têm documentação e prestações de contas aprovadas e se colocou à disposição da Justiça.
Já Reginaldo Sardinha negou envolvimento no caso. O atual administrador regional disse estranhar sua citação, ressaltando que não exerce mandato parlamentar desde 2022. Ele defendeu a lisura de sua atuação e garantiu estar pronto a colaborar com as investigações.
A reportagem não conseguiu contato com os outros envolvidos. O espaço segue aberto.