A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) protocolou uma denúncia no Ministério Público Eleitoral do Distrito Federal contra o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli (PSB-DF). Ela acusa o dirigente de abuso de poder político para favorecer a própria pré-candidatura ao governo do DF.

Segundo a representação, Cappelli teria montado um núcleo paralelo de comunicação com finalidade política e eleitoral, funcionando fora da sede oficial da ABDI, em Brasília. O grupo, conforme o documento, seria responsável por produzir conteúdo, interagir com eleitores nas redes sociais e atacar adversários.

O texto afirma que o gerente de marketing da agência, Bruno Trezena, chegou a estabelecer metas diárias de engajamento, como “responder a 70 comentários, realizar 10 publicações, enviar 60 mensagens e efetuar 30 ligações por dia”, todas voltadas à amplificação da presença digital do pré-candidato.

A senadora também levanta suspeitas de que celulares e notebooks teriam sido comprados para uso exclusivo da operação, incluindo a simulação de perfis falsos de eleitores e grupos de apoiadores, criados apenas para interagir com as páginas do pré-candidato e com notícias publicadas por veículos de imprensa.

Ex-colaboradores relataram ainda possíveis irregularidades trabalhistas, como demissões sem aviso prévio, falta de registro em carteira e atrasos salariais.

Para Damares, as denúncias revelam uma atuação “sob uma ‘lógica de medo e controle’”, o que reforçaria o caráter irregular da estrutura e a existência de um vínculo funcional informal com a autarquia federal.

A parlamentar sustenta que usar a ABDI, direta ou indiretamente, para fins eleitorais configura “grave desvio de finalidade administrativa e dilapidação da confiança pública nas instituições federais”. Ela pede que o MP Eleitoral abra inquérito para investigar o caso e determine a suspensão imediata das atividades de comunicação suspeitas de integrar o suposto esquema.