Escândalo do banco Master e BRB, pode mudar o rumo da política no DF e “fritar” candidaturas de 2026
25 novembro 2025 às 11h36

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As investigações sobre possíveis fraudes no Banco Master ganharam um novo capítulo nesta segunda-feira (24). Documentos e levantamentos feitos desde 2024 vêm identificando operações que levantam dúvidas sobre a forma como carteiras de crédito eram negociadas e movimentadas.
Um dos pontos destacados pelo Ministério Público Federal envolve a venda, pelo Master ao BRB, de uma carteira de crédito avaliada em R$ 303 milhões. Essa carteira estava em nome de uma empresa registrada por uma atendente de lanchonete investigada por golpes envolvendo maquininhas de cartão. Segundo os investigadores, a empresa não tem funcionários e é administrada por uma profissional que recebe R$ 1.486, o que levantou suspeitas sobre a operação.
No mesmo dia em que esses detalhes foram divulgados, a Polícia Federal transferiu o banqueiro Daniel Vorcaro para um presídio em Guarulhos, em São Paulo. A transferência ocorreu em meio ao avanço das apurações que envolvem transações entre o Master e o Banco de Brasília (BRB).
A PF também identificou outras operações consideradas suspeitas entre os dois bancos. De acordo com os investigadores, a compra de carteiras de crédito pelo BRB representou 30% de todos os ativos do banco público, o que indicaria falhas de prudência e governança. Esse movimento, segundo o relatório, pode apontar para uma tentativa de ajudar o Master em um momento de crise de liquidez.
Diante do cenário, especialistas começam a avaliar possíveis reflexos eleitorais. Para entender melhor o quadro, o Jornal Opção Entorno ouviu analistas que acompanham a política local e nacional. O consultor de análise política Érico Oyama explica que esse caso pode gerar desgaste para o atual governador, sobretudo na corrida ao Senado:
“A tentativa de compra do Banco Master pelo BRB deve impactar a candidatura de Ibaneis ao Senado, ainda mais em um cenário tão acirrado na busca pelos votos dos eleitores do campo da direita. Mesmo com duas vagas, a tendência é por uma disputa apertada entre Ibaneis, Michelle Bolsonaro e Bia Kicis. O empenho de Ibaneis na compra de um banco com tantas transações suspeitas certamente será um ponto explorado pelos adversários de Ibaneis na disputa ao Senado.”
Ele acrescenta que a perda de votos pode beneficiar candidatas do mesmo campo político:
“Como são dois votos para senador, a tendência é que a fissura política causada na imagem de Ibaneis faça com que os votos migrem para Michelle Bolsonaro e Bia Kicis, que pertencem a campos ideológicos próximos ao governador.”
Sobre a disputa pelo governo do DF, Oyama avalia que a vice-governadora deve tentar se afastar do caso:
“Ainda é cedo para mensurar de que forma o episódio pode respingar na disputa ao governo. Celina Leão deve adotar o discurso de que a compra do Master era um projeto mais ligado a Ibaneis e que não teve nenhuma participação nas tratativas.”
O jornal também ouviu o professor de Ciências Políticas do Ibmec Brasília, Leandro Gabiatti, que analisou a amplitude das relações do banqueiro investigado. Antes do depoimento, ele destacou que Vorcaro tem trânsito em vários grupos políticos.
Sobre o impacto geral da operação, Gabiatti afirmou. “Sobre a operação do Banco Master e impactos na política, tem um ponto importante aqui, que são os vínculos do Daniel Vorcaro em Brasília. E esses vínculos são politicamente ou partidariamente transversais. Ele dialoga com atores do governo, com parlamentares de centro e com políticos também da oposição.”
O professor também comentou a movimentação dos bastidores políticos para que o caso não avance além da esfera judicial:
“Esse ponto faz com que seja interesse da maioria de que esse caso não avance politicamente, por exemplo rumo a uma CPI. A tendência talvez seja que o assunto fique mais restrito ao plano jurídico e se tente de alguma forma que isso não irradie na eleição de 2026.”
Gabiatti avaliou ainda possíveis desdobramentos a depender do tempo de prisão de Vorcaro. “Se Vorcaro ficar mais tempo do que imagina preso, talvez ele sinalize com uma delação premiada. Isso sim pode alterar ou causar algum tipo de estresse político.”
E conclui analisando o cenário eleitoral local. “Uma eleição que estava muito bem encaminhada para o governador Ibaneis e para a vice Celina agora fica aberta com um ponto de interrogação. Vamos ter que esperar o desenvolvimento do caso.”

O presidente do PSB-DF, Rodrigo Dias, reforçou que cobrará a responsabilização do governador Ibaneis Rocha, afirmando que ele não atuou como simples espectador, mas como articulador central. Segundo Dias, o governador “determinava, orientava e impulsionava” a engrenagem que culminou no maior escândalo financeiro da história do Distrito Federal. Ele acrescenta que “o partido atua em três frentes: articula a instalação da CPI do BRB tanto na Câmara Legislativa quanto na Câmara Federal e prepara uma representação ao Ministério Público do DF pedindo a responsabilização do governador Ibaneis Rocha por improbidade administrativa”.
A situação em que o governador Ibanes Rocha (MDB) colocou o Banco de Brasília, abre espaço para que Arruda consiga melhorar ainda mais o desempenho nas pesquisas.
A reportagem procurou o candidato ao governo do Distrito Federal, José Roberto Arruda, que aparece em segundo lugar nas pesquisas, mas não recebeu resposta.
