Ao contrário do que muitos visitantes imaginam, o turismo de cachoeiras não acontece apenas na época da seca. Mesmo assim, o receio de acidentes naturais faz com que parte do público evite esse tipo de passeio durante o período chuvoso. Em Pirenópolis, a visitação continua ocorrendo, desde que sejam respeitadas as orientações de segurança e as condições do clima.

Conhecida pela grande quantidade de cachoeiras, trilhas ecológicas e paisagens naturais, a cidade também atrai turistas pelo conjunto arquitetônico preservado, com ruas de pedra, casas antigas e fachadas coloridas. Pirenópolis integra o Circuito do Ouro de Goiás, região marcada por vestígios do período colonial, e mantém tradições culturais como a Festa do Divino Espírito Santo e as Cavalhadas.

Durante as chuvas, o principal risco nas cachoeiras é a tromba d’água, fenômeno que provoca aumento rápido do nível dos rios e fortalece a correnteza, podendo causar acidentes graves. Por isso, especialistas e gestores reforçam que nenhuma cachoeira é indicada em dias de chuva intensa. Ainda assim, a adoção de cuidados extras ajuda a reduzir os riscos em períodos de instabilidade leve.

Segundo a especialista em segurança ambiental, Fernanda Franzolles, o comportamento do visitante é decisivo para evitar acidentes. “Mesmo em locais monitorados, é fundamental respeitar as orientações dos responsáveis, observar o clima e sair da área ao primeiro sinal de mudança no tempo. A natureza pode mudar muito rápido”, explica.

Na cidade, duas quedas d’águas são citadas pela gestão e localização consideradas mais seguras: a Cachoeira Bonsucesso e a Cachoeira do Rosário. Ambas contam com monitoramento constante das condições climáticas e do volume de água, além de administração responsável por parte dos proprietários. A Bonsucesso, por exemplo, é conhecida pela trilha leve e de fácil acesso.

As cachoeiras de acesso privado seguem protocolos que incluem fechamento preventivo em situações de risco e orientações diretas aos visitantes. Entre as recomendações estão respeitar a sinalização, seguir instruções dos responsáveis pelo local e se afastar do leito dos rios ao primeiro sinal de chuva.

Além dessas, Pirenópolis reúne outras atrações naturais bastante procuradas, sempre com a ressalva de que a visita deve ocorrer apenas em condições climáticas favoráveis.

A Cachoeira do Rosário é uma das mais conhecidas da região e a mais alta, com cerca de 42 metros. O acesso é feito por uma trilha de aproximadamente 1,6 quilômetro, bem sinalizada e cercada por vegetação do cerrado, cânions e piscinas naturais. Ao longo do percurso, há pontos para banho, alguns com profundidade superior a quatro metros. A área conta ainda com um poço principal, uma escadaria de pedra que leva à chamada Catedral das Pedras e uma imagem de Nossa Senhora do Rosário localizada atrás da queda d’água. No local, há mirante, piscinas naturais e duas cachoeiras principais: a do Rosário e a Encantada. A entrada é paga, com funcionamento diário das 9h às 17h, limite de 90 visitantes por dia e recomendação de reserva antecipada. A estrutura inclui banheiros, áreas de descanso, alimentação e espaço para pets, mediante agendamento.

Outra atração é a Cachoeira do Abade, situada na região dos Pireneus, às margens da nascente do Rio das Almas, a cerca de 17 quilômetros do centro da cidade por estrada de terra. A área foi intensamente explorada no século XVIII durante o ciclo do ouro. Após a destruição do antigo garimpo, motivada por protestos contra a poluição do rio, a região passou a preservar a formação natural que hoje é um dos principais pontos turísticos locais. A trilha até a cachoeira tem cerca de 400 metros, é bem sinalizada e acessível a visitantes de todas as idades. A queda ultrapassa 20 metros de altura e, por ser bastante frequentada, o local conta com serviço de salva-vidas.

Já a Cachoeira das Araras está localizada na zona rural de Pirenópolis, no quilômetro 18, e integra um complexo com várias quedas d’água, piscinas naturais e formações rochosas. O espaço abriga trilhas, mirantes e áreas de preservação do cerrado. O nome vem das aves que sobrevoam a região, especialmente araras típicas do bioma. O acesso é fácil, com trilha calçada e sinalizada. A estrutura inclui restaurante, bar, playground e estacionamento. O poço natural, cercado por rochas e vegetação preservada, é um dos pontos mais procurados para banho.

Mesmo com a diversidade de opções, a recomendação permanece a mesma: em períodos de chuva, especialmente intensa, a visita às cachoeiras não é indicada. O turismo responsável, aliado à gestão de risco e ao respeito às orientações de segurança, é apontado como essencial para manter a atividade de forma segura em Pirenópolis.