A AgroBrasília 2025 será palco do 1º Encontro da Cafeicultura do Distrito Federal e da Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride-DF). O evento integra a programação oficial da feira agropecuária, considerada uma das maiores vitrines do agronegócio no Centro-Oeste. O objetivo do encontro é fomentar o desenvolvimento da cafeicultura na região, apresentar novas tecnologias e ampliar a visibilidade dos produtores locais. As inscrições estão abertas até esta quarta-feira (21) através do link.

Segundo dados da Emater-DF, a cultura do café ocupa atualmente mais de 460 hectares no Distrito Federal, com produção anual estimada em 966 toneladas. A cadeia produtiva envolve ao menos 138 cafeicultores, com destaque para a variedade arábica, conhecida pelo sabor mais suave e adocicado. Essa variedade se desenvolve melhor em altitudes acima de 800 metros — condição presente em boa parte do território da capital federal e em municípios vizinhos da Ride. Esse fator, aliado ao clima seco no período da colheita, favorece a qualidade dos grãos.

Para o engenheiro agrônomo Bruno Caetano Figueredo Silva, da Emater-DF, a região oferece um conjunto de vantagens naturais e técnicas. “A altitude acima dos 800 metros favorece o desenvolvimento do café arábica, que é mais suave e valorizado no mercado. Além disso, o período de colheita coincide com a estiagem, o que facilita a secagem natural dos frutos e reduz riscos de fermentações indesejadas”, explicou ao Jornal Opção Entorno.

Engenheiro agrônomo Bruno Caetano Figueredo Silva: “A altitude acima dos 800 metros favorece o desenvolvimento do café arábica, que é mais suave e valorizado no mercado”.

O especialista ressalta ainda que a cafeicultura local é majoritariamente formada por pequenas propriedades, o que permite maior controle sobre o manejo. “Mais de 80% dos produtores utilizam irrigação. Em áreas menores é mais fácil adubar, irrigar, controlar o mato e colher no ponto certo. Isso resulta em cafés de excelente qualidade e com maior valor agregado”, pontuou. Segundo ele, com dedicação em todas as etapas do cultivo e do pós-colheita, é possível obter cafés especiais e alcançar preços diferenciados no mercado.

Embora algumas fazendas da região já atuem com produção em larga escala e até com turismo rural, a força da cafeicultura local está na agricultura familiar. Em pequenas áreas, os produtores conseguem realizar colheitas seletivas — colhendo apenas os frutos maduros —, o que potencializa a qualidade da bebida. Além disso, as condições climáticas do Planalto Central, com estações bem definidas e baixa umidade durante a colheita, ajudam a evitar perdas na secagem dos grãos — um desafio em outras regiões produtoras do país.

O evento promovido pela Emater-DF conta com a parceria da Associação de Empreendedores de Café do Lago Oeste (Elo Rural) e com o apoio da AgroBrasília. A iniciativa também representa o fortalecimento institucional da cadeia do café, que nos últimos anos passou a contar com uma Câmara Setorial da Cafeicultura no DF. O grupo reúne representantes da Secretaria de Agricultura, da Emater, da Universidade de Brasília e do setor produtivo para debater políticas públicas e estratégias de expansão da atividade.

“Queremos mostrar que o DF e a Ride têm um grande potencial para a cafeicultura, com iniciativas concretas de apoio ao produtor. A criação de uma Unidade de Referência Tecnológica vai servir como vitrine para quem quiser conhecer um modelo de produção de excelência”, concluiu Bruno. A unidade funcionará como campo-modelo de boas práticas, permitindo que outros agricultores aprendam com casos de sucesso locais.