Durante a edição deste ano da AgroBrasília, considerada a maior feira do segmento agrícola do Distrito Federal e Entorno,  a produtora rural Marcilene Moreira Mariano foi reconhecida com o prêmio Transformação pelo Agro. A premiação destacou sua trajetória de superação e conexão profunda com a terra, servindo de inspiração para outras mulheres que desejam ingressar ou se firmar no setor agrícola.

Emocionada ao receber o reconhecimento, Marcilene compartilhou sua história com o público, ressaltando como o trabalho no campo mudou completamente o rumo de sua vida. “O agro transformou a minha vida e mudou toda a minha trajetória. Eu consegui criar o meu segundo filho no campo, assim como eu fui criada. Ele aprendeu a andar no pasto, reconhece frutas, sabe plantar mandioca. Hoje ele tem nove anos e já conhece as variedades de mandioca”, relatou. “Poder passar para ele essa conexão com o campo, esse amor à terra, ao cultivo, não tem preço. Esse é o resultado da melhor decisão que tomei há quase 10 anos.”

A participação de Marcilene na categoria Transformação pelo Agro foi mais do que uma conquista pessoal — foi uma oportunidade de amplificar vozes femininas no setor rural. “Foi muito importante para mim. Marcaram a minha trajetória. Tive a chance de mostrar minha história de conexão com o agro para outras mulheres, incentivar aquelas que têm essa vocação a seguir seu propósito, seu coração, o que pulsa dentro da gente, que é essa vontade de estar no campo”, destacou.

Com esse reconhecimento, Marcilene busca encorajar outras mulheres a protagonizarem suas histórias na agricultura. Foto: Reprodução

Com uma fala carregada de inspiração e propósito, Marcilene reforçou sua missão de encorajar outras mulheres a protagonizarem suas histórias na agricultura. “É possível migrar de uma carreira para outra, seguir a nossa vocação e prosperar no agro. Esse é o meu recado para todas as mulheres que desejam viver da agricultura: plantar, colher e ter o seu coração ali no campo.”

Suas raízes

A trajetória de Marcilene Moreira Mariano é um exemplo do poder transformador do agro, especialmente quando aliado à coragem, à resiliência e à força feminina no campo. Sua conexão com a terra vem desde a infância. Filha de família goiana, com a mãe natural de Pirenópolis, Marcilene cresceu imersa na fartura e nos sabores da gastronomia local. “Aprendi a fazer meu primeiro doce com o incentivo da minha avó, dona Franca, aos nove anos. Ela me ensinou a preparar uma cocada”, relembra.

Criada em uma fazenda com muitos pés de frutas, roda d’água, monjolo e cavalos, Marcilene viveu desde cedo uma forte conexão com o campo. Mais tarde, migrou para a cidade, onde se formou em Direito. No entanto, seu coração continuava no campo. “Há 10 anos, fiz o caminho inverso: deixei a cidade e retornei à zona rural, onde comecei a investir na propriedade. Inicialmente, formei um pomar com a finalidade de produzir doces. Em seguida, plantei uma lavoura de guariroba, fruto nativo de Goiás, uma palmeira comestível de sabor marcadamente amargo.”

Com o pomar já frutificando e pronto para o aproveitamento, Marcilene buscou capacitação na área de processamento de doces, por meio de um curso oferecido pelo Sindicato Rural de Luziânia. A partir daí, seu nome passou a ganhar destaque no Entorno, com a produção de doces em caldas e compotas.

“Toda a minha produção é voltada para a comercialização e o processamento de doces e sobremesas. Criei uma linha exclusiva de produtos derivados da mandioca, que inclui sorvete de mandioca, bombom de mandioca, palha italiana de mandioca e uma cocada sem coco — que a gente pode chamar de mandiocada. Temos também, na época natalina, o panetone de mandioca, o mandiocotone, que faz muito sucesso em feiras e eventos. Além disso, produzimos chips de mandioca em diversos sabores”, detalha a produtora.