Em gravação de Ramagem, Bolsonaro demonstra preocupação em ser gravado sobre caso da “rachadinha’
16 julho 2024 às 16h18
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) expressou preocupação com a possibilidade de ser gravado durante uma conversa gravada pelo ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL). O áudio, que está sob a responsabilidade da Polícia Federal, teve o sigilo removido nesta segunda-feira, 15, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O teor da reunião, de acordo com a gravação, são medidas de proteção ao senador e filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro (PL), suspeito de “rachadinha”. O diálogo ocorreu em um contexto em que Bolsonaro se ofereceu para conversar com os chefes da Receita Federal e do Serpro, estatal responsável pelos dados do Fisco, em uma tentativa de anular as investigações de “rachadinha” contra o seu filho.
“Tá certo. E, deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém”, disse o ex-presidente, em 2020. A reunião em questão foi realizada em agosto de 2020, com a participação do general Augusto Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Além de Bolsonaro e Heleno, estavam presentes na reunião as advogadas de Flávio, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach. Em determinado momento, Bolsonaro declarou que “ninguém gosta de tráfico de influência” e que “nenhuma pessoa aqui fez qualquer conversa pra vamo dar um jeitinho”.
Defesa
Por meio das redes sociais, o senador afirmou que não tinha relações com a Abin e que a divulgação do relatório de investigação foi feita para prejudicar a candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro.
“Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura do delegado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, afirmou o parlamentar.
Segundo o filho de Bolsonaro, o áudio em questão mostra apenas as advogadas dele se comunicando sobre um grupo que agia dentro da Receita Federal, com objetivo de prejudicar ele. Além de garantir que tomará as defesas cabíveis em relação a isso. Já Bierrenbach negou que houve uso do governo na interferência das investigações. (Fabrício Vera)
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