Documentário produzido em Cavalcante participa da mostra competitiva do FICA
24 abril 2024 às 18h22
COMPARTILHAR
Esta semana foi divulgada a lista dos filmes selecionados para a 25ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica), na Cidade de Goiás. Quarenta e duas produções passaram por curadoria e comissões de seleção especializadas, e concorrerão em uma das quatro mostras competitivas: Washington Novaes, Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais, Mostra do Cinema Goiano e Mostra Becos da Minha Terra, específica para produtores audiovisuais da cidade de Goiás. O festival acontece de 11 a 16 de junho e teve 1.019 inscritos de 77 países.
Trajetória Kalunga no Fica
Na mostra de 2023, Marta Kalunga levou quatro prêmios pelo documentário que leva seu nome e que foi produzido pelo Corpo/território de Marta, liderança Kalunga quilombola na cidade de Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros. Marta é idealizadora da Casa Memória da Mulher Kalunga, empreendedora no Hostel Kalunga, tecelã e guia de turismo no município.
Ela conversou com o Jornal Opção Entorno sobre sua trajetória no Fica. “Participamos em 2023 da mostra Cinema Goiano, exibindo o documentário Marta Kalunga, que recebeu os prêmios de Melhor Atriz, Melhor Som, Melhor Filme e Melhor Direção. Nesta produção, eu narro minha trajetória como mulher quilombola e Kalunga, e não abordo somente o meu território, mas também a cidade de Cavalcante”, explica. Vale destacar que a direção do filme foi compartilhada com outras duas diretoras, Lucinete Morais e Thaynara Rezende. Já o roteiro foi escrito com Lucinete Morais.
Questionada sobre ser selecionada para um festival de alcance internacional, Marta diz que ficou surpreendida. “Fiquei assustada, até porque não achava que chegaria num lugar como esse. Foi muito especial receber o reconhecimento de um festival tão importante, tanto para minha carreira como cineasta, como para a comunidade quilombola Kalunga, por ver nossa história nas telas de cinema. Atualmente, o documentário continua sendo exibido em cineclubes e em algumas mostras e festivais. Também está disponível no YouTube da Casa Memória da Mulher Kalunga”, divulga.
Mostra competitiva de 2024
Na mostra deste ano, Marta Kalunga participa com o documentário “Meada Cor Kalunga”, que aborda o processo de tingimento de linhas de algodão. “Esse algodão é plantado, colhido e fiado pelas mãos das mulheres Kalunga. No filme, eu e Dirani Kalunga apresentamos todo o processo do tingimento com três pigmentos naturais do Cerrado, que são extraídos do jenipapo, do ‘cabelo de nego’ e da sucupira”, explica a cineasta.
A direção é compartilhada com Alcileia Kalunga e Analu Reis de Sá, e o roteiro tem a assinatura de Marta e de Dirani, que cedeu sua casa na comunidade Vão de Almas para a gravação. Segundo Marta, o filme está sendo distribuído em festivais; portanto, não está disponível ainda para a comunidade. Ela complementa: “Logo mais, após a circulação nas janelas audiovisuais, iremos compartilhar no YouTube da Casa Memória da Mulher Kalunga”.
Também oriundo de Cavalcante, o filme “Mátria Amada Kalunga”, um documentário com direção de Lak Shamra e Thassio Freire, foi selecionado para a mostra. No roteiro, a calamidade pública provocada pela enchente do Rio Paranã, em 2022, e o cotidiano das mulheres Kalunga após o ocorrido. A produção tem assinatura de Marta Kalunga.
25 Anos de História
O primeiro festival de cinema do Brasil a abordar questões ambientais celebra nesta edição suas bodas de prata em 2024. Reconhecido como um dos principais em seu segmento, é referência tanto nacional quanto internacionalmente.
O Fica é, sobretudo, um grande fórum de debates ambientais que reúne, no mesmo lugar, grandes pensadores e produtores do audiovisual para discutir o futuro do planeta, ciceroneado pela histórica e belíssima Cidade de Goiás.