A organização ambientalista WWF Brasil explica que RPPN é uma categoria de unidade de conservação reconhecida pelo Estado brasileiro, porém localizada em domínio privado, onde o proprietário assume o compromisso de trabalhar com a conservação da natureza. Para ter viabilidade ambiental, a área deve possuir valor para a proteção da biodiversidade, além de importantes aspectos paisagísticos e características ambientais que justifiquem ações de recuperação capazes de promover a conservação de ecossistemas frágeis ou ameaçados.

A trilha da Vagafogo com circuito na mata ciliar preservada foi patrocinada pela Embaixada do Reino Unido

Quando falamos em ecoturismo e preservação ambiental, a cidade de Pirenópolis, que faz parte da Ride, é uma das grandes referências. O município abriga cerca de 80 cachoeiras catalogadas e inúmeras reservas ambientais que desenvolvem atividades científicas, educativas, culturais e turísticas, visando proteger a biodiversidade dos biomas brasileiros.

Em Pirenópolis está localizado o belo Santuário de Vida Selvagem “Vagafogo”. A RPPN existe desde 1990 e promove a educação ambiental com passeios ecológicos, ecoturismo e a produção de alimentos de modo sustentável. O local foi idealizado pelos ecologistas e fundadores Evandro Ayer e Catarina Schiffer, que no começo da década de 1980 compraram a fazenda com foco no turismo ambiental.

“A Vagafogo é a primeira RPPN do Brasil e contou com apoio de ONGs para o projeto, que incluiu um centro de visitantes. Em 1992, a fazenda foi aberta para visitação e teve a presença ilustre do príncipe Philip da Inglaterra, país que apoiou o projeto por meio de sua embaixada”, divulga Uirá Ayer, filho dos fundadores e um dos gestores da Vagafogo.

Uirá Ayer: “A Vagafogo é a primeira RPPN do Brasil e contou com apoio de ONGs para o projeto”

Entre os destaques da reserva há uma trilha interpretativa de 1.500 metros cercada por árvores centenárias e mata ciliar ao longo do rio Vagafogo em meio a espécies animais do bioma, incluindo diversos pássaros. São cinco trechos com níveis de dificuldade variados, de três a 17 metros de altura, mas que podem ser percorridos por iniciantes. O percurso é todo montado em uma trilha de madeira.

Segundo Uirá, durante a trilha estão disponíveis, ainda, duas tirolesas em meio às árvores, um rapel que desce de um jatobá de 20 metros e um pêndulo em meio à floresta. Há, ainda, uma piscina natural e estrutura de descanso.

Produção orgânica com recursos do Cerrado

O famoso brunch apresenta mais de 45 itens que são produzidos na fazenda. Foto: Divulgação

Na fazenda também são produzidos cerca de 80 produtos a partir de frutas, leite e recursos do Cerrado. “A produção orgânica é comercializada e ofertada numa mesa com um brunch (café da manhã reforçado) contendo 45 itens. A ideia é mostrar para o cliente que ele está num local preservado e que a gente sobrevive do Cerrado”, finaliza Uirá. As reservas para conhecer a Vagafogo podem ser feitas pelo WhatsApp (62) 99222-5471.

Mata nativa e nascentes preservadas

Situada a cerca de 130 km de Brasília, no município de Cristalina, a RPPN “Linda Serra dos Topázios” foi registrada junto ao ICMBio em 1994. São aproximadamente 500 hectares de cerrado nativo, onde são encontradas várias espécies de animais e tipo de vegetação já em extinção, bem como nascentes.

O visitante tem 500 hectares de Cerrado nativo com cachoeiras e córregos na Serra dos Topázios

O local é margeado pelos córregos dos Topázios e da Pedra em Pé, com poços e cachoeiras de águas cristalinas. A reserva foi adquirida pelo jornalista, escritor e ambientalista Jaime Sautchuk em 1993, falecido em 2021 e, atualmente, é administrada pela família dele.

Segundo o administrador e antropólogo João Miguel Sautchuk, a RPPN atua em parceria com instituições para projetos de pesquisa científica e de educação ambiental. “Para o meu pai, a RPPN era uma forma de contribuir para a consciência ambiental e a importância de conservação do Cerrado, das águas e, sobretudo, para a pesquisa científica e a educação ambiental”, destaca o gestor.

João Miguel Sautchuk: “Para o meu pai, a RPPN era uma forma de contribuir para a consciência ambiental”

Já foram feitas várias pesquisas no local, tendo a flora sido registrada no livro “Flores e Frutos do Cerrado” pela Universidade de Brasília (UnB) juntamente com a Agência Ambiental do Estado de Goiás. Já a visita turística, de acordo com João Miguel, é uma forma de sensibilizar os visitantes para a conservação da biodiversidade do bioma.

Além das cachoeiras do rio Topázio, a região possui diversas opções de trilhas com graus de dificuldade variados. Para a visitação, as reservas podem ser feitas pelo WhatsApp (61) 98135-6822. O local também oferece duas casas para hospedagem, mas não trabalha com a comercialização de alimentos e bebidas. (Hellen Lopes)