O Dia Mundial de Combate à Aids é lembrado em todo o mundo em 1º de dezembro. Por isso, o Ministério da Saúde no Brasil criou o Dezembro Vermelho, dedicado a alertar a população sobre o contágio e tratamento da Aids e de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Segundo dados do ministério, nos últimos 10 anos o Brasil registrou queda de 25,5% no coeficiente de mortalidade por Aids. Em 2022, foram 10.994 óbitos, tendo o HIV ou Aids como causa básica, um número 8,5% menor do que os 12.019 óbitos registrados em 2012.

Apesar da redução, cerca de 30 pessoas morreram de Aids por dia no ano passado. Atualmente, estima-se que um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil. Desse total, 650 mil são do sexo masculino e 350 mil do sexo feminino.

Jovens são mais afetados

Em Goiás, de acordo com alguns boletins de ISTs do estado de 2018 a 2023, 1.700 pessoas morreram devido à Aids, tendo havido 9.800 notificações. “Grande parte dessa população é jovem, de 20 a 49 anos e do sexo masculino”, explica a superintendente de Políticas e Atenção Integral à Saúde da Secretaria de Saúde de Goiás, Paula dos Santos Pereira.

Paula Pereira: “Nós reforçamos muito o trabalho de prevenção” (Foto: Divulgação)

E acrescenta: “Nós reforçamos muito o trabalho de prevenção; por isso, nossas equipes, durante todo o mês de dezembro, atuam tanto em unidades de gestão privadas, como empresas e locais públicos, como pontos de ônibus e lugares que solicitam a testagem rápida”.

Ela ressalta que tais atividades preventivas não se limitam ao fim de ano, apesar da campanha em dezembro chamar mais a atenção da população sobre essas questões.

Promoção da saúde

O teste rápido é uma coleta simples de sangue e, por meio dele, é possível saber, de forma imediata, se houve ou não contaminação pelo vírus.

O município de Novo Gama, por exemplo, disponibiliza a testagem em postos de saúde, presídios, prostíbulos e casas de recuperação, como esclarece a enfermeira e coordenadora do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) e Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Secretaria de Saúde, Márcia da Silva Oliveira: “Levamos a equipe para testar e já oferecemos as medicações”.

A coordenadora diz ainda que o trabalho é realizado diariamente nas unidades de saúde do município. “Promovemos a saúde em todos os bairros, conscientizando as pessoas quanto ao uso de preservativos. Atendemos pacientes de todos os lugares”, destaca.

Kits da campanha Dezembro Vermelho, em Novo Gama (Foto: Divulgação)

Segundo Márcia, em 2023 foram contabilizados 58 pacientes confirmados e em tratamento no município. “Esse controle passou a ser feito na gestão de 2021”, relata. “Antes, não havia nenhum apoio aos pacientes com HIV. Eles passavam apenas por testes, mas precisavam buscar ajuda em outros municípios. Em 2022, implantamos o SAE e começamos a oferecer tratamento, acolhimento e acompanhamento”.

Durante a campanha Dezembro Vermelho, Márcia conta que todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão recebendo kits com camisinhas masculinas, femininas e lubrificantes.

Números em alta

Na cidade Valparaíso de Goiás foram registrados, em 2022, 66 casos positivos para HIV. Em 2023, o número saltou para 92 pacientes, conforme dados do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) da Secretaria de Saúde do município.

Raquel Viegas: “Temos 277 pacientes em acompanhamento” (Foto: Divulgação)

Essas informações começaram a ser colhidas em 2021, quando foi criado o SAE. “Em acompanhamento da doença temos 277 pacientes, já contando os que vêm de fora para serem tratados aqui”, informa a enfermeira-coordenadora do SAE e do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), Raquel Viegas da Rocha. São disponibilizados acompanhamento psicológico individual e administração dos antirretrovirais.

Prevenção combinada

Já em Luziânia é desenvolvido um programa no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) com o objetivo promover a testagem gratuita para HIV, sífilis e hepatites B e C. “Orientamos, de acordo com as necessidades singulares de cada usuário, acerca da prevenção às ISTs e Aids, buscando redução de maiores riscos e/ou danos”, diz o secretário de Saúde Gonçalo Henrique.

Gonçalo Henrique: associação de diferentes métodos de prevenção ao vírus (Foto: Divulgação)

Sobre os desafios do combate à doença na localidade, o secretário informa que a rede municipal de saúde trabalha com a chamada “prevenção combinada”. “A ideia é associar diferentes métodos e ações de prevenção ao vírus, tais como: testagem, prevenção da transmissão vertical (da gestante soropositiva para o bebê), encaminhamentos para as referências locais para tratamento das ISTs e da redução de danos para usuários de álcool e outras drogas, entre outros”, enumera.

No Dezembro Vermelho, Gonçalo anuncia algumas ações: “Nesta quarta (6), no CAIS de Luziânia, iremos fazer a abertura do Mês Mundial da Luta contra a Aids e HIV, com palestras educativas para os pacientes locais e população, com a realização do teste rápido para HIV, consulta de enfermagem e aconselhamento psicológico”.

Ações durante todo o ano

Em Águas Lindas de Goiás (GO), também serão adotadas medidas de caráter preventivo durante o mês. “Na Atenção Básica serão realizadas palestras com psicólogos, entrega de preservativos femininos e masculinos, realização de testes rápidos para ISTs e orientações quanto ao acompanhamento e tratamento junto ao SAE/CTA na vigilância epidemiológica”, destaca o secretário de Saúde Carlos de Lima Barbosa.

Carlos Barbosa: números em Águas Lindas podem estar subnotificados (Foto: Divulgação)

Em outros períodos do ano, o trabalho de combate ao HIV/Aids não para. “Fazemos distribuição de preservativos, ação nas escolas, atividades junto às campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul, e ação dentro da parada gay no município”, enfatiza o secretário.

Barbosa salienta que um dos desafios de Águas Lindas é notificar estatisticamente quantos de seus cidadãos estão com a doença. “O paciente é diagnosticado em Brasília e faz o acompanhamento por lá, mas, em muitos casos, omite que mora aqui”, relata. Por esta razão, constam apenas 22 novos casos em 2022, mas esse número pode ser maior no município.