Durante dois dias, centenas de jovens do Distrito Federal e do Entorno participaram da Plenária das Juventudes no Bioma Cerrado, evento preparatório para a COP30, realizado no Instituto Federal de Goiás (IFG), em Luziânia. A iniciativa, promovida pela Secretaria-Geral da Presidência da República, por meio da Secretaria Nacional de Juventude, conta com a parceria do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Campeã de Juventude da COP30 e o apoio da Prefeitura de Luziânia.

A programação incluiu painéis temáticos como “O que o Brasil apresenta para a COP30?” e “Mudança do Clima e Justiça Territorial: qual Pampa (Cerrado/Pantanal/Caatinga/Mata Atlântica/Amazônia) que queremos?”, além de uma visita técnica à Trilha dos Escravos — uma reserva ambiental que preserva espécies nativas do cerrado brasileiro.

Segundo o diretor de Programas e Projetos da Secretaria Nacional de Juventude, Guilherme Barbosa, a escolha de Luziânia como sede da plenária do bioma Cerrado teve o objetivo de promover um espaço de construção e articulação política das juventudes locais. “Queremos saber quais são as demandas e a realidade desse território e, assim, levar as vozes da juventude para dentro da COP30, que debate a crise climática em nível global. Luziânia é o primeiro local a sediar essas plenárias, que também acontecerão nos outros cinco biomas brasileiros”, explicou.

Barbosa destacou ainda que, ao todo, serão realizadas seis plenárias em diferentes regiões do país: Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Amazônia. Em cada uma, dois jovens serão escolhidos para representar as propostas e discussões dos territórios na COP30. “É um processo importante de mobilização e formação política, que busca incluir jovens que muitas vezes não têm acesso a esse tipo de espaço”, reforçou.

Jovens representantes do Cerrado são escolhidos para a COP30

Ao final das atividades teóricas e dos debates, sete jovens se candidataram às duas vagas de representantes do bioma Cerrado na COP30. Cada um teve a oportunidade de apresentar sua trajetória, argumentos e motivações para participar do evento internacional. Em seguida, foi realizada uma votação entre os participantes da plenária. Os mais votados foram Lorena Mathye, moradora de Luziânia, e Daniel Ildefonso, de 19 anos, residente do Cruzeiro (DF).

Lorena Mathye e Daniel Ildefonso vão representar o bioma Cerrado na COP30. Foto: Graciliano Cândido/Jornal Opção

Lorena comemorou a escolha com entusiasmo. “Estou muito feliz. Como falei na palestra, é muito importante ter uma jovem representando Luziânia e o Instituto Federal, que é uma rede de ensino forte e abrangente. Quero mostrar o quanto a crise climática afeta o nosso cotidiano aqui no Cerrado, nossas vivências, e dar voz aos jovens da nossa região”, afirmou.

Questionada sobre o que pretende fazer na COP30, Lorena disse que quer inspirar outros estudantes do ensino médio a se engajarem nas pautas ambientais. “Muitas vezes achamos que nossas ideias não têm valor, mas quando somos ouvidos, percebemos o impacto que podemos causar. Quero falar sobre sustentabilidade e mostrar que há caminhos para mudar nossa realidade”, completou.

Já Daniel ressaltou a importância da representatividade da juventude da educação pública. “Sou cria da escola pública, estudei no IFG e hoje faço graduação em Gestão de Políticas Públicas na UnB. É essencial ocuparmos esses espaços para levar a realidade do Cerrado à COP. Vamos falar sobre queimadas, clima seco, doenças respiratórias e tantas outras questões que impactam nosso povo”, declarou.

Sobre a troca com os representantes dos outros biomas, Daniel destacou o potencial do intercâmbio. “Será um encontro riquíssimo para compreendermos as vivências de jovens de todo o país. Compartilhando experiências e culturas, podemos construir propostas concretas para apresentar aos tomadores de decisão e lutar por melhorias reais para o meio ambiente e para nossa juventude”, concluiu.