Reuniões técnicas recentes discutiram a possibilidade de implantação de um trem de iniciativa privada ligando Águas Lindas de Goiás a Ceilândia. A proposta envolve a empresa chinesa PCI, que atua no desenvolvimento de tecnologias voltadas à mobilidade urbana e infraestrutura ferroviária, e foi apresentada durante uma agenda de encontros com órgãos e autoridades do setor de transporte no Brasil.

Atualmente, a ligação entre Águas Lindas e Ceilândia é estruturada como BRT. Diante das discussões, a Prefeitura de Águas Lindas, por meio da Companhia de Desenvolvimento de Águas Lindas (CODEAL), solicitou formalmente à Secretaria-Geral de Governo do Estado de Goiás e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a realização de estudos técnicos para avaliar a viabilidade da implantação de um sistema ferroviário no trajeto.

A alternativa em estudo prevê a análise de um trem como opção ao modelo atual, com foco em maior capacidade de transporte, conforto aos usuários e modernização do sistema, além de possíveis reduções nos custos operacionais e impactos ambientais. O projeto é tratado de forma independente e não faz parte do consórcio público de transporte que envolve os governos do Distrito Federal, de Goiás e a União. Até o momento, não há definição de data para o início das obras ou para a implantação do sistema, já que a proposta ainda depende da conclusão dos estudos técnicos solicitados.

Durante a passagem pelo país, representantes da empresa participaram de reuniões com órgãos como o Metrô de São Paulo, a Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, a CPTM, a ANTT, o Metrô do Distrito Federal, a Secretaria de Mobilidade do DF, a Prefeitura de Goiânia e o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Indústria e Comércio e do Gabinete de Relações Internacionais. Como encaminhamento, foi indicado que equipes técnicas poderão ser enviadas ao Brasil para aprofundar análises de viabilidade e estudos relacionados às demandas apresentadas.

A retomada da discussão sobre o trem ocorre em um cenário de incertezas sobre o transporte público do Entorno do Distrito Federal, tema que há anos é alvo de debates e promessas. A proposta ferroviária volta a chamar a atenção da população, que enfrenta dificuldades diárias no deslocamento entre as cidades do Entorno e o DF.

Na semana passada, o Jornal Opção Entorno publicou reportagem mostrando que o consórcio interfederativo de transporte entre o Distrito Federal, Goiás e o Governo Federal segue sem avanço. Em entrevista ao jornal, o subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte de Goiás, Miguel Angelo Pricinote, afirmou que, sem a participação da União, o consórcio só poderia sair do papel em 2027, em um cenário considerado otimista.

Segundo o subsecretário, também está previsto um novo reajuste nas tarifas do transporte entre o DF e o Entorno em fevereiro de 2026, ainda sem definição de valores. As negociações do consórcio começaram em 2022, mas enfrentam impasses relacionados à ausência de subsídio federal.

Diante desse histórico, a possibilidade de um trem entre Águas Lindas e Ceilândia volta ao debate público e reacende questionamentos da população, que acompanha há anos a discussão sobre soluções para o transporte da região, frequentemente comparada a uma longa novela.