*Por Ane Caroline

Os vídeos foram gravados em Luziânia (GO), Entorno do Distrito Federal, e mostram a advogada Tatiane Meireles batendo com um taco de baseball um rapaz, enquanto outro homem o acerta com chutes e socos. Em determinado momento, um integrante da quadrilha afirma “Aqui no Goiás você vai aprender como funciona”.

Em outras imagens, é possível ver Tatiana e o sargento da Polícia Militar de Goiás (PMGO) Hebert Póvoa realizando uma espécie de oração sobre maços de dinheiro arrecadados pelos suspeitos. É possível ouvir o casal agradecendo e pedindo que o dinheiro, fruto de agiotagem, fosse multiplicado. A advogada conduz a reza enquanto Hebert acompanha em silêncio com as mãos sobre as notas. 

A Polícia Civil de Goiás (PCGO) teve acesso aos vídeos durante uma operação na sexta-feira (28/11). Ao todo, foram cumpridos mais de 10 mandados de busca e apreensão e nove mandados de prisão, entre os detidos estão o casal, outros dois policiais militares e dois civis. Durante o cumprimento dos mandados, foram encontradas armas de fogo, munição e dinheiro em espécie.

Após perícia nos celulares apreendidos, a PCGO teve acesso a mais de 600 mil arquivos, entre eles mensagens onde o sargento Póvoa comemora o sucesso financeiro alcançado com o esquema. Em uma das conversas, ele chega a falar para outro policial que estava em uma fase da vida muito boa. 

Em outra conversa, ele faz um alerta para um colega sobre como agir para não ser pego no esquema. Póvoa afirma saber que o esquema não é legal e por isso precisa ser sábio. 

As investigações encontraram 600 mil arquivos, entre elas trocas de mensagens com vítimas da agiotagem. Foto: Reprodução

No celular também foram encontradas mensagens em que o sargento aparece negociando o valor a ser emprestado para os clientes. Em uma delas, uma das vítimas pega o valor de R$2.000 parcelado em quatro vezes e o valor total a ser pago chega a R$2.800,00. Os juros eram de 10% ao mês, podendo chegar em alguns casos a 30%.

De acordo com as investigações, em dois anos, a organização criminosa movimentou mais de R$7 milhões. O valor foi bloqueado das contas dos investigados. A quadrilha está sendo acusada dos crimes de organização criminosa estruturada, especializada em agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro. As investigações continuam. 

Questionamos a PMGO para saber se o sargento e os outros envolvidos na investigação vão ser afastados, mas a corporação não se manifestou. Também entramos em contato com a defesa do casal, Hebert e Tatiane, e não tivemos resposta.

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