Deputado Gilvan Máximo deixa gabinete após perda de mandato: “Um dia de luto para a democracia brasileira”

01 agosto 2025 às 19h16

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O deputado federal Gilvan Máximo (Republicanos-DF) esvaziou nesta semana seu gabinete parlamentar após perder o mandato, por decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. A medida cumpre determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que alterou as regras de distribuição das chamadas sobras eleitorais, com aplicação retroativa às eleições de 2022.
Visivelmente abatido, Gilvan gravou o momento em que recolhia seus pertences — como porta-retratos, uma Bíblia e o diploma concedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — e os colocava no carro oficial. “Vamos embora, né, gente”, declarou, classificando o episódio como um dia de tristeza.
Nas redes sociais, o agora ex-deputado criticou duramente a decisão. Em vídeo publicado, afirmou que a retirada de seu mandato representa um golpe à democracia. “Este é o meu diploma do TSE. Ganhei a eleição e exerci o mandato até hoje. Mas agora, alguns ministros do STF resolveram que o diploma conferido pelo TSE não vale mais nada”, disse.
Gilvan também argumentou que a medida compromete a confiança da população no sistema democrático. “Estão mudando as regras do jogo no meio do segundo tempo. Isso gera desconfiança nas instituições. O povo precisa ter certeza de que o voto tem valor”, afirmou.
Durante o pronunciamento, o parlamentar citou passagens bíblicas para embasar sua indignação. “A Bíblia diz em Isaías que o Senhor detesta tanto quem absolve o culpado quanto quem condena o inocente. […] Eu coloco minha fé nesse livro, porque ele não mente. Foi Deus quem fez, não os homens”, declarou.
Além de Gilvan Máximo, a decisão do STF também atingiu os deputados Augusto Puppio (MDB-AP), Lebrão (União-RO), Lázaro Botelho (PP-TO), Professora Goreth (PDT-AP), Silvia Waiãpi (PL-AP) e Sonize Barbosa (PL-AP). Todos perderam seus mandatos após a Corte considerar inconstitucional a forma como foram preenchidas as vagas restantes das eleições proporcionais — conhecidas como “sobras”.
A nova interpretação do Supremo estabelece critérios mais rigorosos para o acesso a essas vagas, com efeito imediato. Assim, candidatos que ficaram na suplência em 2022, mas que se enquadram nas novas regras, estão sendo empossados.
O ato formal de substituição foi publicado pela Câmara dos Deputados na última terça-feira (29), com base em novos cálculos encaminhados pelos tribunais regionais eleitorais do Amapá, Distrito Federal, Tocantins e Rondônia.