Sessão na Câmara termina em confronto, retirada da imprensa e acusações de violência
10 dezembro 2025 às 09h50

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A tarde e a noite desta terça-feira (9) foram marcadas por muita tensão na Câmara dos Deputados. O clima ficou pesado depois que o deputado Glauber Braga, do PSOL, decidiu ocupar a cadeira da Presidência e se recusar a deixá-la. A situação acabou evoluindo para um confronto, que atingiu também jornalistas que estavam no plenário.
As câmeras de celulares de parlamentares registraram o momento em que a Polícia Legislativa se aproximou da Mesa Diretora. Os agentes cercaram Glauber Braga para tentar retirá-lo, e deputados aliados se aproximaram para acompanhar a negociação. Logo depois, a conversa virou empurra-empurra. Glauber tentava escapar dos policiais, enquanto aliados o protegiam. No tumulto, a deputada Célia Xakriabá (Psol) caiu. A retirada do deputado durou mais de dois minutos e terminou com o terno dele rasgado.
O protesto de Glauber havia começado horas antes, por volta das 15h30, quando ele se sentou na cadeira da Presidência e passou a conduzir a sessão. Chegou a se levantar e depois voltou ao posto, anunciando que ficaria ali até o fim do processo de cassação de seu mandato, previsto para o dia seguinte. A atitude contrariou o regimento da Casa.
Durante o tempo em que ficou na Mesa, Glauber criticou a condução do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicano), e afirmou que só sairia ao limite de suas forças. Ele comparou sua permanência à ocupação feita por deputados de oposição ao governo, em agosto, que durou dois dias e terminou sem uso da força.
A confusão dentro do plenário aumentou quando a Polícia Legislativa começou a retirar jornalistas do local e o sinal da TV Câmara foi interrompido, impedindo que as imagens fossem transmitidas ao público, uma medida fora da rotina da Casa.
Nas redes sociais, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicano), disse que a atitude de Glauber desrespeitou o funcionamento da instituição e que o parlamentar já havia repetido ações semelhantes anteriormente. Ele afirmou que “extremismos testam a democracia todos os dias” e que determinou a apuração sobre possíveis excessos contra a imprensa.
Já a deputada Sâmia Bomfim, do PSOL, criticou a ação, afirmando que houve violência e censura. Ela comparou o episódio à ocupação feita por parlamentares que pediam anistia a golpistas e que, segundo ela, não enfrentaram reação semelhante.
Em nota, Glauber Braga afirmou ter sido retirado à força por ordem do presidente da Câmara. Ele chamou a ação de “inédita desde a ditadura” e disse que as deputadas Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá também foram atingidas ao tentar impedir o que classificou como abuso. Para ele, enquanto outros parlamentares não foram responsabilizados por ocupações anteriores, ele sofreu violência por denunciar o orçamento secreto e resistir ao processo de cassação.
O episódio gerou grande repercussão e deixou o clima político ainda mais tenso dentro da Câmara.
