Valparaíso: ponto de embarque para Goiânia muda de lugar, aumenta mais de 5 km e pacientes denunciam risco de contaminação

25 setembro 2025 às 16h37

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Agora, além de acordar antes das 2h da manhã, os pacientes precisam encarar frio, escuridão e espera em unidades hospitalares sem segurança adequada. A reportagem acompanhou a situação e flagrou dois pacientes desavisados quase ficando para trás em frente à Secretaria de Saúde, no bairro Parque Rio Branco. Um deles, à espera de uma consulta oftalmológica há dois anos, foi surpreendido pelo motorista. “Não sei se falaram para vocês, mas não está pegando mais aqui. Apenas no Hospital do Céu Azul e na Upa do Marajó.”
Espera no improviso
O cenário encontrado é de abandono: sem segurança, sem assentos, sem abrigo. Na UPA do Marajó, apenas um enfermeiro estava na porta. Pacientes relatam desgaste físico e psicológico pela mudança.
“É importante destacar o quanto a retirada do local de embarque no cais tem sido prejudicial e inconveniente para todos que utilizavam esse espaço, em especial para os pacientes que já enfrentam problemas de saúde. A mudança para pontos mais distantes traz inúmeros transtornos, obrigando-os a se deslocarem muito além do necessário, o que aumenta o tempo de espera, o desgaste físico e, em muitos casos, causa sofrimento adicional.”
Sem carro próprio, muitos recorrem a aplicativos como Uber, mas nem sempre há motoristas disponíveis de madrugada. Quando há, o custo extra é outro peso. A ansiedade de perder o transporte coletivo faz com que pacientes se calem diante dos servidores, com medo de represálias.
Valparaíso está a cerca de 190 km de Goiânia, percurso de 2h30 até hospitais de referência em oncologia, urologia e hemodiálise. Para muitos, a rotina é semanal ou até diária. Uma paciente, em acompanhamento no Hospital Araújo Jorge, desabafou. “Eu já passei por quimioterapia, cirurgia, radioterapia, e ainda tenho que ficar aqui nesse breu de madrugada esperando uma van.”

Risco à vida
A polêmica não é só pela distância. A concentração dos pacientes em hospitais aumenta o risco de infecção para quem já tem o sistema imunológico comprometido. O coordenador da Oncologia do Hospital Anchieta, Dr. Caio Neves, alerta que a permanência prolongada em emergências pode agravar doenças.
Segundo ele, pacientes com câncer ficam mais vulneráveis a infecções e complicações graves; já os renais em hemodiálise podem sofrer crises fatais, como arritmias e insuficiência cardíaca.
“Fecharam o CAIS e jogaram a gente aqui é muito longe e arriscado”, protestou uma idosa em tratamento no HGG.
Silêncio oficial
A equipe de reportagem do Jornal Opção Entorno esteve nesta manhã (25) na Secretaria de Saúde, mas não conseguiu falar com a secretária, Luciana Caixeta, que está em viagem para a China, nem com outro servidor que respondesse pelos questionamentos.
A Prefeitura, em nota, informa que devido ao fechamento do CAIS para a construção de uma nova unidade de saúde, os pacientes passaram a ter dois pontos para o embarque: HMV e UPA do Marajó.
Informamos ainda que devido aos maiores cuidados que os pacientes precisam é inviável a abertura de pontos de embarque que não ofereçam suporte médico e segurança 24h.
A Secretaria reafirma o seu compromisso com os valparaisenses e nas melhorias da Rede Municipal de Saúde.
Enquanto isso, os pacientes seguem vivendo o dilema: esperar na rua, na chuva, de madrugada, longe de casa, correndo risco — tudo para tentar não perder o único transporte que os leva ao tratamento.
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