Consórcio de transporte entre DF e GO segue sem avanço e pode ficar para 2027
09 dezembro 2025 às 14h31

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O tão esperado consórcio interfederativo que uniria Distrito Federal, Goiás e Governo Federal para gerir o transporte do Entorno ainda está longe de sair do papel. Em entrevista ao Jornal Opção Entorno, o subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte de Goiás, Miguel Angelo Pricinote, afirmou que, sem a participação da União, o projeto só poderia ser iniciado em 2027, isso dentro de um cenário considerado otimista.
Segundo o subsecretário, em fevereiro de 2026 haverá um novo reajuste nas passagens que ligam o DF às cidades do Entorno, não especificou o valor, mas afirmou sobre o aumento. Ele explicou que as negociações para criar o consórcio começaram em 2022, e que com a troca de governo federal em 2023 houve mudança no entendimento sobre o tema. “O governo federal disse que não poderia subsidiar os 30%, porque teria que fazer isso em todo o país, e o orçamento não comportaria. Eles poderiam ajudar apenas com obras de infraestrutura”, afirmou.
Em setembro deste ano, houve outra negativa, segundo Pricinote o governo federal informou que não participaria de nenhuma forma do modelo proposto. Outro pedido foi encaminhado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), solicitando que a União arcasse apenas com os custos passivos, um pleito iniciado em 2022, quando os valores eram menores. Mesmo assim, segundo o subsecretário, a União também recusou.
O subsecretário destacou que outra alternativa seria seguir o modelo de Goiânia, onde existe uma união entre as prefeituras e cada uma paga conforme arrecada para garantir o subsídio. No entanto, ele afirmou que no Distrito Federal a situação é diferente porque envolve duas federações, algo distinto do que ocorre em Goiás e precisa de alguém que seja a frente deste assunto.
Ele reforçou que não há como viabilizar um subsídio sem a participação federal, que representaria os 30% necessários para equilibrar o sistema. Além das negativas, Pricinote afirmou que a proximidade das eleições deve atrapalhar ainda mais as tratativas. Questionado sobre prazos, disse que existe tentativa de fechar o acordo até março de 2026, para que o consórcio possa começar a funcionar em 2027. “O consórcio só vai pra frente, com ajuda da União, porque ela é a dona”, declarou.
Os governos de Goiás e do DF também enviaram um ofício conjunto à ANTT, no dia 22 de agosto deste ano, pedindo a suspensão por 90 dias do reajuste tarifário no transporte semiurbano do Entorno. O documento apontou a época, que a prorrogação é necessária para concluir as etapas institucionais do consórcio, organizar a transição técnica e operacional, definir responsabilidades de gestão e planejar o aporte orçamentário. O pedido também destaca o impacto social de um aumento imediato, que prejudicaria trabalhadores e estudantes que dependem das linhas para acessar empregos, escolas e serviços no DF.
O texto ainda lembra que o consórcio foi construído com base no Grupo de Trabalho criado pela Portaria nº 129, de 8 de fevereiro de 2024, e que a prorrogação não seria uma manobra para atrasar decisões, mas uma medida de responsabilidade administrativa.
O sistema que liga o Entorno ao DF atende 12 cidades, com 379 linhas e cerca de 700 ônibus. A última média registrada, em 2019, aponta que mais de 7 milhões de usuários utilizam o transporte público entre as regiões atualmente.
A vice-governadora do DF, Celina Leão (Republicanos), afirmou em entrevista que a União precisa garantir os 30% de subsídio para que o pedido seja formalizado.
A reportagem solicitou posicionamento da ANTT, mas não houve resposta até o momento. O espaço permanece aberto.
