Viaturas do SAMU quebradas e sem motor deixam população do Entorno Sul sem atendimento adequado

08 setembro 2025 às 17h11

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A situação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no Entorno Sul é de preocupação. Em visitas às bases de atendimento, a reportagem encontrou viaturas quebradas, em manutenção e até duas ambulâncias abandonadas, uma delas sem motor, em Cidade Ocidental. O cenário escancara o descaso com a saúde pública em uma região onde cada segundo pode ser decisivo para salvar vidas.
No pátio do Hospital Municipal de Cidade Ocidental, as duas ambulâncias paradas transmitem a imagem de total abandono: mato alto, veículos expostos ao sol e à chuva, e sem perspectiva de retorno à atividade. Uma servidora confirmou: “Quando chega uma ambulância nova, a gente dá baixa em um veículo usado e sai de circulação.”
Segundo a gestão do SAMU no município, 34 profissionais atuam em três equipes — mas apenas duas viaturas atendem efetivamente, uma em Cidade Ocidental e outra no Jardim ABC. Uma terceira, que deveria ser reserva, ficou quatro dias em revisão no final de agosto.
A falta de estrutura reflete no atendimento à população. O aposentado José Augustino Batista, de 60 anos, deixou o Hospital Municipal sem realizar os exames necessários após um trauma craniano. Foi apenas encaminhado para uma tomografia particular, que não tinha condições financeiras de pagar. O médico responsável, Dr. Jairo Luis Ferreira Santos de Melo, sequer orientou a marcação pela regulação ou a transferência para outra unidade pública.
Solicitamos entrevista com o secretário de saúde de Cidade Ocidental, Alessandro Fernandes, porém não tivemos o pedido atendido.
Valparaíso: atendimento à beira do colapso
Em Valparaíso de Goiás, a reportagem encontrou uma ambulância parada com o capô aberto e óleo escorrendo. Segundo servidores, apenas uma viatura está disponível para atender emergências de uma cidade com cerca de 200 mil habitantes. “Quando as ambulâncias estão quebradas, a equipe atende a ocorrência com reforço de profissionais, enfermeiro e médico”, relatou uma funcionária.

São apenas 25 profissionais para cobrir toda a demanda. A fragilidade do sistema ficou evidente quando, durante a visita da equipe de reportagem, um motociclista buzinou em desespero pedindo socorro para uma paciente a poucos metros da base. O chamado só foi atendido após insistência por meio do telefone 192.
A situação se agrava com o fechamento do antigo CAIS de Valparaíso. Casos mais graves acabam sendo transferidos para Luziânia, Novo Gama ou até o Distrito Federal, sobrecarregando ainda mais os serviços da região.

Promessas não cumpridas
Em 19 de julho, a Prefeitura de Valparaíso anunciou a construção de uma base modelo do SAMU, às margens da BR-040, apresentada como a mais moderna e avançada da região. Dois meses depois, a obra segue apenas no discurso: o terreno foi cercado com tapumes, mas nenhuma obra foi iniciada. No mesmo dia do anúncio, também foi prometida a renovação da frota de ambulâncias, mas nada saiu do papel.

A reportagem procurou a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Valparaíso para esclarecimentos sobre o atraso nas obras e a situação da frota do SAMU, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria.