O Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio da Promotoria de Justiça de Cavalcante, realizou nesta quinta-feira (6/11) uma audiência pública para tratar das causas, dos impactos e das formas de enfrentar as queimadas na Região da Chapada dos Veadeiros. O encontro aconteceu no auditório do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), o antigo Peti, e reuniu mais de 150 participantes, entre moradores, representantes de instituições e autoridades.

A promotora de Justiça Úrsula Catarina Fernandes da Silva Pinto agradeceu a participação da comunidade e ressaltou a importância da união entre os órgãos e os moradores. Segundo ela, o objetivo é ampliar a conscientização e fortalecer a educação ambiental. “A finalidade deste encontro é que vocês sejam multiplicadores e que comecemos a falar e pensar em educação ambiental”, disse.

Durante a audiência, o capitão Augusto Viana Pires, da Defesa Civil Estadual, apresentou dados que mostram Cavalcante como o município goiano com o maior número de focos de queimadas neste ano, com mais de 16 mil registros entre 1º de julho e 5 de novembro. No ranking nacional, o município ocupa a 15ª posição. Ele destacou que os impactos são graves e que ações preventivas contínuas são necessárias.

Mais de 150 pessoas participaram do evento, entre moradores, representantes de instituições e autoridades. Foto: Reprodução

Entre setembro e outubro, a região enfrentou incêndios que atingiram o Parque Nacional e áreas de preservação, destruindo mais de 90 mil hectares. No dia 17, o Jornal Opção Entorno publicou um balanço sobre as queimadas na região, destacando que a operação de combate conta com 215 pessoas envolvidas, entre brigadistas do ICMBio e do Prevfogo/Ibama, servidores de apoio logístico e voluntários. As equipes utilizam drones para monitorar o avanço do fogo e definir estratégias de combate. Até o momento, a área afetada pelo incêndio dentro do Parque Nacional é de 653,4 hectares.

Sede dos Bombeiros anunciada

A juíza da comarca de Cavalcante, Isabela Rebouças Maia, anunciou que o município vai receber uma sede do Corpo de Bombeiros. A construção será financiada com recursos de transações penais das comarcas de Anápolis e Aparecida de Goiânia. Ela destacou que o fogo precisa ser manejado com responsabilidade e lembrou que incêndio florestal é crime, mesmo quando não há intenção.

O prefeito de Cavalcante, Vilmar Costa (PSB), agradeceu a atuação das brigadas na contenção dos incêndios recentes. Já o prefeito de Teresina de Goiás, Kleverton Barbosa (UB), falou sobre a importância da participação da comunidade. A presidente da Câmara de Cavalcante, Eriene dos Santos (PSB), também ressaltou a relevância da audiência, por permitir a escuta da população.

A promotora de Justiça Daniela Haun de Araújo Serafim afirmou que a audiência abriu espaço para diálogo entre instituições e moradores. Ela destacou que o fogo deve ser compreendido de acordo com a ciência e a legislação.

O coordenador do Ibama/Prevfogo, Cássio Tavares, explicou que o uso do fogo pode ser autorizado para comunidades tradicionais, como as quilombolas, desde que seja feito de forma controlada e segura.

Orientações técnicas e debates

Na parte técnica, a promotora Tarcila Santos Brito Gomes tratou dos aspectos legais e da necessidade de conscientização e capacitação. O capitão Augusto Viana reforçou que o plano de contingência municipal deve priorizar o combate aos incêndios florestais.

O gerente da Semad, Sayro Reis, apresentou ações estaduais e destacou a elaboração do Plano Estadual de Apoio às Brigadas Voluntárias, para reforçar o trabalho nas próximas estiagens.

Participaram também o analista ambiental Thiago Brito e a assessora jurídica Gisele Himenes. Ao final, moradores tiveram espaço para relatos e sugestões.

Encerrando o encontro, a promotora Daniela Haun reforçou que o objetivo era ouvir a comunidade e construir soluções de forma conjunta. “Não estamos aqui apenas como instituições, mas como cidadãos que querem defender o meio ambiente”, declarou.