Na hora de escolher representantes políticos, muitos eleitores têm dúvidas sobre o que realmente deve ser observado em um candidato, quais erros não podem ser ignorados e como avaliar aquilo que influencia diretamente o dia a dia da população. Para ajudar nessa escolha, nossa equipe entrevistou o professor Jackson De Toni, especialista em Ciência Política do Ibmec Brasília, que analisou de forma clara e objetiva o cenário político do Entorno e explicou o que pesa no comportamento do eleitor.

O professor destacou que, para um candidato ter chances reais de sucesso, é necessário encarar problemas estruturais que afetam a população, especialmente as desigualdades profundas entre o DF e os municípios do Entorno.


De Toni aponta que o desenvolvimento social e a redução das desigualdades sociais precisam estar no centro das propostas. Segundo ele, temas como saúde, educação, trabalho, transporte, segurança, moradia, saneamento, lazer e assistência social são prioridades que influenciam diretamente a qualidade de vida. Também ressaltou a importância de enfrentar o desemprego e diversificar a economia, além de fortalecer a integração com a RIDE, onde os indicadores são mais delicados.

O especialista também explicou que há comportamentos e práticas que podem prejudicar qualquer candidatura, independentemente do partido ou do cargo disputado.

Erros que um candidato não pode cometer


De Toni afirma que ignorar as desigualdades sociais é um dos equívocos mais graves. Ele destaca que o DF não é uniforme e possui realidades muito distintas entre as regiões e o Entorno. Para ele, tolerância com corrupção, falta de transparência e descontinuidade em políticas públicas também afastam o eleitor. Além disso, alertou para os impactos das ocupações irregulares, que geram desordem urbana e prejuízos ambientais.

Sobre o olhar do eleitor, De Toni explica que a população costuma avaliar o que afeta diretamente o cotidiano, buscando melhorias reais e consistentes.

O que o cidadão mais observa


Segundo ele, o eleitor leva em conta a redução das desigualdades, a entrega de serviços públicos de qualidade, a integridade na gestão dos recursos e políticas que coloquem as pessoas no centro das decisões, garantindo dignidade e bem-estar.

O professor também comentou sobre a confiança nas pesquisas, tema que sempre gera dúvidas entre os eleitores.

Como interpretar as pesquisas


De Toni afirma que as pesquisas são confiáveis quando seguem boa metodologia, mas retratam apenas o momento da coleta. Mudanças de opinião, abstenção e indecisos influenciam o resultado final. As pesquisas registradas no TSE têm mais credibilidade, mas não são previsões definitivas — apenas indicam tendências.

Cenário eleitoral no Entorno do Distrito Federal

Enquanto isso, o Entorno vive um período de articulações intensas. Com quase 800 mil eleitores, a região tem hoje dois representantes na Câmara dos Deputados: Célio Silveira (MDB), de Luziânia, e Lêda Borges (PSDB), de Valparaíso.

O secretário do Entorno do DF, Pábio Mossoró (MDB), surge como possível nome para disputar uma vaga federal. Ex-prefeito de Valparaíso, ele ainda avalia o cenário e não anunciou oficialmente sua decisão. Ao Jornal Opção, afirmou que segue focado no projeto de Daniel Vilela, vice-governador e presidente regional do MDB.

A deputada estadual Zeli Fritsche (União Brasil) deve buscar a reeleição. Com trajetória que inclui a vice-prefeitura de Valparaíso, ela foi eleita em 2022 com 20.967 votos e ingressou no União Brasil em 2023.

Há ainda articulações internas do grupo do prefeito Marcus Vinicius (MDB), que avaliam a possibilidade de Pábio disputar como deputado estadual, deixando o apoio federal para Célio Silveira. Diante disso, Zeli mantém diálogo com o governador Ronaldo Caiado e com partidos menores para garantir alternativas caso necessário.

Em Formosa, o vereador Valdson José (PP) oficializou sua pré-candidatura à Assembleia Legislativa. Servidor público há mais de 20 anos e ligado à educação, diz atender a um pedido da comunidade e afirma ter apoio consolidado no nordeste goiano.

Também em Formosa, o vice-prefeito, Ramos Somar (PSD) vive um cenário político mais delicado. Ao ser questionado sobre a possibilidade de se lançar como pré-candidato a deputado estadual, ele afirmou que ainda avalia o momento: “Meu nome está à disposição. Primeiro vou trabalhar por Formosa, como sempre trabalhei.”