Uma disputa entre grandes redes de postos de combustíveis no Distrito Federal tem provocado queda nos preços praticados nas bombas, mas, segundo o presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares, essa redução não reflete uma baixa real nos custos. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (9), em entrevista ao Jornal Opção Entorno.

De acordo com Tavares, duas grandes redes, que juntas representam cerca de um terço dos postos da capital federal, optaram por não repassar os recentes aumentos no preço dos combustíveis. “Elas preferiram segurar o preço e ter prejuízo para não perder volume de vendas”, explicou.

Com essa estratégia, postos menores passaram a reduzir seus preços para competir. “Uma gerente me ligou dizendo que o posto vizinho baixou para R$ 5,45. Ela me disse: ‘Vou baixar também, senão perco os clientes”, relatou o presidente do sindicato.

A declaração ocorre em meio à solicitação da Advocacia-Geral da União (AGU), feita em 3 de julho, para investigar possíveis práticas anticoncorrenciais no setor. O órgão apura se distribuidoras e revendedoras estão deixando de repassar ao consumidor as reduções promovidas pela Petrobras nas refinarias.

Documentos oficiais apontam que, entre julho de 2024 e junho de 2025, ocorreram sete mudanças nos preços dos combustíveis: três aumentos e quatro reduções. Segundo nota informativa do Ministério de Minas e Energia, os aumentos foram repassados integralmente — e, em alguns casos, acima do reajuste. Já nas reduções, o repasse ao consumidor final foi parcial, o que teria ampliado a margem de lucro de distribuidoras e revendedores.

Tavares reforçou essa tese com dados do setor. “As distribuidoras estão elevando suas margens. É um dado real aqui no Distrito Federal e praticamente no Brasil inteiro”, afirmou.

A manifestação da AGU foi encaminhada ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), à Polícia Federal, à Secretaria Nacional do Consumidor e à Procuradoria Nacional da União de Patrimônio Público e Probidade. O caso está sendo acompanhado pelas autoridades federais.

Enquanto isso, o consumidor lida com preços instáveis nas bombas, com variações de centavos entre postos e pouca clareza sobre os critérios dos reajustes. “Foi guerra de preço, disputa de clientes. Só isso”, concluiu Tavares.