O relato da família enlutada descreve que ela havia recebido um diagnóstico de “ansiedade”, apesar de apresentar fortes dores no peito. Marlúcia acabou morrendo de infarto ao sair do hospital, o que levanta sérias indagações sobre a qualidade do atendimento prestado à população. Na mesma unidade, uma mulher foi operada do apêndice, quando “não tinha” apendicite.

Essa sequência de erros graves nos últimos meses se soma a mortes de crianças (pelo menos quatro bebês) em unidades de saúde públicas da capital. A crise é clara, está superexposta e, diante dos fatos, foi apresentado o pedido de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigação dos imensos problemas que vêm ocorrendo desde a criação do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF).

O deputado distrital Max Maciel (PSOL) disse, em entrevista recente à Agência Brasil, que aposta na pressão sobre as lideranças para que a CPI seja instalada. “Nós não estamos falando de mortes que são em decorrência de uma evolução de quadro clínico. Estamos falando de mortes por falta de assistência médica”, frisou.

Quando o documento foi protocolado, o presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB), da base do governo, teve o despautério de dizer “que ainda era cedo” para abertura de uma CPI, o que demonstra uma insensibilidade inaceitável diante da gravidade dos fatos. Segundo o deputado Chico Vigilante (PT), a CPI não foi instaurada porque alegam ter duas na frente. “Estamos esperando o término dessas duas, que até hoje não fizeram nenhuma reunião, para podermos insistir na CPI do Iges-DF”, enfatizou.

Conforme descreve o requerimento do pedido da CPI, cujo proponente é o deputado de oposição ao governo, Fábio Felix (PSOL), o foco principal é a investigação das falhas de atendimento e de gestão desde a criação do Iges-DF, em 2019. Porém, existe a possibilidade de que a investigação se estenda à estrutura da saúde pública do GDF, para que se definam causas e responsabilidades.

Assinaram o requerimento, os deputados: Fábio Felix (PSOL), Gabriel Magno (PT), Max Maciel (PSOL), Dayse Amarílio (PSB), Chico Vigilante (PT), Ricardo Vale (PT), Jorge Vianna (PSD) e Paula Belmonte (Cidadania).

Vale salientar, por fim, que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, cumprindo sua função, instaurou um inquérito civil público para apurar as irregularidades na Secretaria de Saúde do DF, devido às quatro mortes de crianças, denunciadas por suas famílias como negligência médica. As famílias enlutadas e a sociedade merecem uma investigação transparente que apure os fatos e garanta que tragédias como essas não se repitam.