CLDF e Ministério Público questionam a aquisição do Banco Master pelo BRB

02 abril 2025 às 12h16

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O anúncio da possível aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) por R$ 2 bilhões vem causando cada vez mais polêmica e desconfiança. E este ceticismo não é oriundo apenas do sistema financeiro: órgãos como o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e até a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) estão questionando a transação.
Nesta semana, o Jornal Opção Entorno entrevistou o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Ivan Amarante, o qual defendeu que a medida deveria passar por aprovação da CLDF. Além disso, o Sindicato pede que o Banco Central (Bacen) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) rejeitem a compra de 58% do capital do Master, aprovada unanimemente pelo Conselho de Administração do BRB.
Nesta terça (1º de abril), o MPDFT, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep), anunciou a instauração de um inquérito para apurar a operação. O caso também está sob investigação do Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC-DF) e, dependendo do que for constatado, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) será acionado.

“Isso é um escândalo”
Em sessão plenária na CLDF, os deputados distritais se manifestaram sobre a polêmica. Pelo fato do BRB ser um banco público, os parlamentares defenderam que a aquisição não pode ocorrer sem passar pelo crivo da Câmara. Eles lembraram, ainda, que o BTG Pactual havia oferecido o simbólico valor de R$ 1 para assumir o controle do Master, cujas dívidas seriam bancadas com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), mas o negócio não foi concretizado.

O deputado distrital Gabriel Magno (PT) chamou a atenção para essa questão e disse, em plenário, que a Lei Orgânica não permite essa compra pelo BRB, sendo necessária a autorização legislativa. “O BTG, que é o banco da turma da Faria Lima, quis comprar o Master por R$ 1, mas o BRB quer pagar R$ 2 bilhões. Isso é um escândalo que pode se tornar o maior da história do DF”, protestou.
A deputada Paula Belmonte (Cidadania), por sua vez, quer ouvir os argumentos do presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, que confirmou o comparecimento à Câmara na próxima segunda (7), para esclarecer os detalhes da operação. “Fico muito feliz que ele tenha aceitado, mas vamos ser duros sim no cuidado com o BRB”, pontuou. “Também pedimos para a procuradoria fazer um parecer a respeito da necessidade de autorização legislativa para esta transação. Estamos atentos e vamos acompanhar tudo o que está acontecendo no BRB”.
“Esquemas nebulosos”
Já o deputado Chico Vigilante (PT) se manifestou tanto em plenário, quanto em nota divulgada à imprensa. “Não podemos permitir que o BRB, um patrimônio da população do Distrito Federal, seja transformado em hospital de banqueiro falido”, ressaltou. “Não aceito reuniões fechadas para tratar do que deve ser transparente. É por isso que, junto à bancada do PT, apresentei um requerimento exigindo que essa negociação seja explicada de forma aberta, transmitida para toda a sociedade. Seguirei alerta e cobrando providências do Banco Central. Brasília não pode ser refém de esquemas nebulosos. O dinheiro público precisa ser respeitado, e a população tem o direito de saber a verdade”, acrescentou ele, em comunicado.

Fábio Felix, deputado pelo PSOL, também qualificou a operação como “nebulosa”. “O BRB vai estatizar a dívida e ajudar o banqueiro dono do Master. O BRB vai pagar pelas ações, mas as operações vão continuar sendo tocadas pelo banqueiro. Nós queremos informações sobre isso”, salientou. “A Caixa Econômica Federal se negou a comprar esse banco por pareceres de seus especialistas internos. Não pode haver uma operação de R$ 2 bilhões sem que a CLDF seja chamada para conversar. Quem tem que dar a palavra final é o povo do DF por meio de suas representações”, concluiu.
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