Luziânia tem maior índice de inadimplência no Entorno do DF em 2025
05 novembro 2025 às 10h21

COMPARTILHAR
Luziânia ficou em primeiro lugar no ranking de inadimplência entre os municípios do Entorno do Distrito Federal em setembro de 2025. A cidade registra 84.067 pessoas inadimplentes, somando 358.370 dívidas que totalizam R$ 546,2 milhões. O ticket médio por inadimplente é de R$ 6.497,41, e o valor médio por dívida é de R$ 1.524,17.
Em seguida, Águas Lindas de Goiás aparece com 90.350 inadimplentes e 406.811 dívidas, somando R$ 544,8 milhões. O ticket médio é de R$ 6.030,44 por pessoa. Já Valparaíso de Goiás ocupa a terceira posição, com 69.210 inadimplentes e 309.350 dívidas, totalizando R$ 488,3 milhões, com ticket médio de R$ 7.055,63.
Outras cidades também apresentam números expressivos:
• Formosa: 45.739 inadimplentes e R$ 321,4 milhões em dívidas;
• Cidade Ocidental: 35.702 inadimplentes e R$ 252,3 milhões;
• Novo Gama: 38.690 inadimplentes e R$ 228,3 milhões;
• Planaltina: 42.689 inadimplentes e R$ 234 milhões;
• Cristalina: 23.131 inadimplentes e R$ 146,1 milhões;
• Santo Antônio do Descoberto: 25.291 inadimplentes e R$ 131,5 milhões.
Entre os municípios com menor número de endividados está Padre Bernardo, que registrou 8.708 inadimplentes e R$ 55 milhões em dívidas.
Os números reforçam o peso das dívidas nas finanças das famílias da região, com valores médios variando entre R$ 5,2 mil e R$ 7 mil por pessoa. Em Brasília, cerca de 1,4 milhão de moradores convivem com a inadimplência, segundo dados do Serasa.
Um morador de Brasília, que preferiu não se identificar, contou em uma entrevista ao Jornal Opção Entorno, que o que o levou a buscar a regularização não foi apenas o nome negativado, mas o peso emocional e financeiro dos descontos automáticos e das cobranças constantes.
“Meu nome sujo nunca foi um problema, entendi que SPC era serviço de proteção ao crédito. A restrição em meu nome me impediu de aumentar o saldo devedor. O que eu queria realmente me livrar eram dos empréstimos que debitavam da minha conta e também do meu contracheque (consignado) e das ligações constantes dos bancos e operadoras de cartão de crédito.”
Ele relata que chegou a dever mais de R$ 236 mil. Para conseguir negociar, precisou primeiro reorganizar o próprio orçamento. “Antes de parcelar cuidei do meu orçamento doméstico, busquei o equilíbrio financeiro cortando e ajustando gastos. Só ataquei as dívidas quando conquistei condições para fazer isso.”
A renda extra veio da venda de trufas. “Fiz renda extra vendendo trufas, elas me ajudaram a acelerar o meu plano de quitação.”
Depois de quitar as dívidas, ele passou a compartilhar a experiência: “Hoje eu ensino educação financeira porque percebi que a minha dor não era só minha. Muitas pessoas passam ou já passaram pelo mesmo sofrimento. Superar essa fase foi transformador. Com ela, consegui realizar sonhos que antes pareciam impossíveis, como comprar minha casa própria à vista.”
O professor de Economia do Ibmec Brasília, Renan Silva, explicou que o final do ano costuma ser um período em que o consumo aumenta e exige cuidado. “Bom, chegando ao final do ano, nós temos a Black Friday, temos o Natal e o Ano Novo. São datas importantes para o comércio e temos que lembrar que nós estamos na sociedade do consumo, onde nesse período, principalmente, somos bombardeados por propagandas ali, onde você tem um apelo emocional muito relevante. Então, primeiramente, evitar aquela compra por impulso.”
Ele também destacou que algumas linhas de crédito podem agravar a situação financeira das famílias. “Evitar aquelas linhas de crédito que são mais fáceis de serem adquiridas, como o cheque especial, onde nós temos taxa de juros de 350%, 370% ao ano, ou o rotativo do cartão de crédito, que chega a 450% ao ano. São juros praticamente impagáveis.”
Ao comentar sobre quem conseguiu sair da inadimplência, o especialista afirmou. “Se você saiu da ponta do devedor, agora é a hora de entrar na ponta do investidor. ”Ele reforça que o 13º salário pode ser usado de forma estratégica. “Pode ser um momento importante para eliminar algumas dívidas ou parcialmente algumas, para entrar o ano seguinte de forma mais organizada, criando metas”, completa o especialista.
