O economista goiano Everaldo Leite explica possíveis causas da alta do dólar
17 dezembro 2024 às 17h29
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Com o dólar atingindo R$ 6,20, maior cotação da história da moeda no Brasil, o Banco Central realizou duas intervenções para reduzir a pressão da moeda sobre o real. A instituição realizou um leilão para vender US$ 1,2 bilhão, o segundo, US$ 2 bilhões. Com isso, a moeda passou a operar em baixa ainda nesta terça-feira, 17, chegando a R$ 6,09.
Ao Jornal Opção, o economista Everaldo Leite explicou que a flutuação da moeda se deve ao cenário de incertezas ao redor do mundo. Everaldo afirma que muito disso se deve a transição de governo dos Estados Unidos. “Com a visão mais protecionista e ameaças de ataques comerciais a outras nações feitas pelo Trump, o cenário fica mais incerto e acaba desagradando o mercado financeiro”, diz.
“Essas incertezas faz com que o empresário se sinta ameaçado e passe a proteger se dinheiro através do dólar, que é uma moeda de proteção. O real não é uma moeda conversível como dólar e faz com que se busque essa segurança monetária, que faz com que o valor da moeda americana valorize”, continua.
De acordo com o economista, essa valorização afeta o custo de vida da população por conta da alta dos preços de produtos importados. “A importação de insumos para as indústrias farmacêuticas, alimentícia, de combustíveis e outras terão impacto nos preços. Além disso, essa flutuação pode impactar a inflação, o que é prejudicial já que pode causar aumento na taxa de juros e afetar o consumo, pois a população não consome a vista, consome no crédito, e quando o juro do crédito aumenta, a população passa a consumir menos”, afirma.
“Com o consumo menor, também haverá queda na oferta, já que o empresário irá produzir menos por conta da falta de demanda. Esses empresários também não acharão importante manter estoque, já que o consumo diminuiu, e isso faz com que o governo também tenha impacto na arrecadação”.
Para Everaldo, a melhor opção para o governo é aguardar. “O Banco Central tem legitimidade e autonomia para fazer o SWAP, que é uma operação de dólar para que se passe a ter mais da moeda no mercado e se ter uma redução da mesma. Isso é interessante a se fazer a curto prazo. Porém, como acredito que essa flutuação não seja algo por conta da especulação, e sim por conta das incertezas, resta ao governo aguardar para que a moeda volte para os patamares considerados normais, por volta de R$ 5 à R$ 5,50 sem precisar gastar as reservas”.
“Claro que existe a medida que você precise de recurso para combater a especulação, mas acredito que isso não seja o caso. Acredito que o Banco Central esteja aguardando para que se tenha um reequilíbrio da moeda”. completou. (Luan Monteiro)
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