São muitos os percalços de quem se empenha profissionalmente para disputar competições esportivas. Além da dedicação diária aos treinos e resiliência para ganhar e perder, muitos atletas têm que suar ainda mais a camisa para obter patrocínios, a fim de manter os altos custos com a modalidade escolhida. Mas nada que a garra e esforço pela vitória não consigam. O Entorno mostra, apesar das dificuldades, excelentes resultados no esporte mundial, com alguns nomes que merecem destaque pelas vitórias alcançadas recentemente.

Campeões mundiais de Cristalina

O casal de atletas de levantamento de peso Leonardo e Karla Rodrigues voltou para Cristalina na última semana com o gostinho da vitória, após ambos se sagrarem campeões mundiais em levantamento de peso em Itanhaém, no litoral paulista.

Karla bateu o recorde mundial, levantando na ocasião 417,5 kg no total, e 182,5 kg em agachamento. Leonardo, por sua vez, alcançou a marca de 800 kg levantados na competição. Com orgulho, eles contam que foram os primeiros atletas de Cristalina a alcançarem um título mundial.

Leonardo e Karla Rodrigues: levando Cristalina para o mundo (Foto: Divulgação)

O casal, que é patrocinado por uma empresa e pela prefeitura municipal, foi recebido pelo prefeito Daniel Sabino e pelo secretário municipal de Esportes, Pablo Magela, oportunidade em que apresentaram suas medalhas e falaram da satisfação de representarem a cidade. “É um orgulho para Cristalina a vitória que eles alcançaram. Ficamos muito felizes em poder apoiar esportes coletivos e individuais, valorizando as joias que Cristalina apresenta para o mundo”, assinalou o prefeito. 

Dedicado, o casal tem um estúdio de musculação próprio no município e prepara-se o ano inteiro, sempre de segunda a sábado, somando 18h semanais de treino. Todo esse esforço rendeu bons frutos: eles conseguiram vencer todos os campeonatos que disputaram ao longo de 2023: o Estadual, o Nacional e o Mundial.

“Todo atleta sonha em ser campeão mundial, o melhor do mundo. E comemorar isso ao lado da minha esposa, também campeã mundial, foi ainda mais incrível. É a realização de um sonho e a conclusão de vários anos de dedicação ao esporte e abdicação de várias coisas do nosso dia a dia”, reflete Leonardo.

E os planos para o futuro são permanecer no pódio. Os dois contam com o apoio da prefeitura e dos comerciantes da cidade, para que possam participar, em 2024, do Campeonato Brasileiro em Balneário Camboriú, do Pan-Americano na Colômbia; e do Mundial na Eslováquia.

O hip hop de Planaltina ganha o mundo

Enquanto o casal de Cristalina conquista medalhas com o levantamento de peso, no Distrito Federal um jovem vem encantando o Brasil e outros países com sua dança. Conhecido como “Toddy” desde os 6 anos de idade, Ricardo Henrique da Silva já deixa explícito no apelido sua paixão pelo chocolate. Quando criança, costumava surrupiar a guloseima da mercearia do avô, na região administrativa de Planaltina, no Distrito Federal. Dessa época, sobraram doces recordações. Agora, Toddy tem orgulho de contabilizar suas doces vitórias como atleta de breaking e está entre os 16 melhores do país.

Ele embarca hoje para São Paulo, onde disputará uma vaga para a Seleção Brasileira de Breaking. “Vou representar Brasília, a minha ‘quebrada’, Planaltina, e as empresas que me apoiam”, afirma o atleta, que é patrocinado por diversas marcas e empresas locais de sua cidade.

Se conseguir o feito, a visibilidade e os patrocínios serão multiplicados. Mas mesmo com pouco, ele já fez muito: ficou entre os quatro melhores do mundo na categoria grupo na Eslováquia e entre os oito melhores do mundo na Holanda, categoria grupo. “Meu foco é obter mais apoio financeiro para me ajudar nos treinos, alimentação e viagens internacionais. Entrando na Seleção, vou conseguir mais patrocínio para poder ingressar no ranking olímpico”, avalia. 

Surgido nas festas no Bronx, em Nova York, na década de 1970, o breaking é um estilo de dança urbana que fará sua estreia como modalidade olímpica já em 2024, nas Olimpíadas da França. “Estamos sendo vistos não só como atletas, mas como artistas. O hip hop não é valorizado no Brasil e estamos dando um passo enorme nessa cultura, agora sendo reconhecida como um esporte olímpico”, comemora.

O atleta conta que, mesmo tendo visibilidade internacional, tem muita dificuldade em obter incentivos ao seu trabalho. “Já recebi proposta de patrocínio de R$ 100 mensais, mas como ir para o ranking mundial somente com esse valor?”, questiona Toddy, que já perdeu a chance de disputar dois campeonatos internacionais, na Espanha e no Canadá, por conta da falta de apoio.

Atletas paralímpicos

Em Goiás e especificamente no Entorno também há espaço para o desenvolvimento de esportes paralímpicos e descoberta de novos talentos nessas modalidades. Inclusive, 10 atletas goianos estão participando, desde o dia 17, dos Jogos Parapan-Americanos do Chile, que terminam neste domingo (26).

O presidente da Associação Paralímpica do Estado de Goiás (Aspaego), José Aparecido de Oliveira Junior, destaca a participação da atleta Ana Carolina Coutinho Reis, do Parabadminton, que ontem (23) levou bronze na semifinal da categoria Simples Feminino e hoje disputará a semifinal na categoria Duplas Mistas.

Ana Carolina Reis já foi campeã panamericana (Foto: Divulgação/ Badminton Pan America)

Ana acumula grandes feitos, tendo sido campeã panamericana e sul-americana em 2022, é a primeira no ranking nacional e a décima terceira no ranking mundial da modalidade. Ela mencionou, esta semana, nas redes sociais, o quanto estava ansiosa para os jogos e feliz pelos bons resultados.

O presidente da Aspaego diz que as expectativas para o campeonato, que está em curso, são muito positivas, em especial para o Parabadminton, com condições reais de chegar à medalha de ouro. “Vale ressaltar que temos dois treinadores de Valparaíso que estão acompanhando os jogos e vivenciando esse ambiente”, relata José Aparecido. “Eles irão retornar com boas perspectivas para auxiliar no desenvolvimento do esporte paraolímpico na região do Entorno”, finaliza.