O lago é reconhecido por sua beleza cênica e por ser um ponto de encontro para os moradores da capital, oferecendo opções para diversas atividades ao ar livre. Entre elas, uma se destaca e vem atraindo praticantes de todo o Brasil e até turistas internacionais: o kitesurf. Seja para iniciantes, que aproveitam a calmaria de certas áreas, ou para os mais experientes, que exploram os ventos mais fortes, o lago oferece o ambiente perfeito para a prática do esporte.

O diretor da Associação Brasiliense de Kitesurf (Abrakite), Júnior Jaegger, compartilha com entusiasmo o crescente interesse pela modalidade: “O kitesurf é um esporte aquático que utiliza uma pipa e uma prancha. A liberdade de deslizar sobre a água, guiado apenas pela força do vento, é única. É uma verdadeira conexão com a natureza”, afirma.

Júnior Jaegger: “A liberdade de deslizar sobre a água, guiado apenas pela força do vento, é única”. Foto: Arquivo pessoal

Nos últimos anos, diversos eventos de kitesurf têm sido organizados na capital federal, com destaque para competições que reúnem tanto atletas nacionais quanto internacionais. Para Júnior Jaegger, que realiza o “Rei e Rainha do Lago”, os campeonatos são importantes para o crescimento da modalidade. “Estima-se que cerca de 500 pessoas pratiquem kitesurf regularmente no lago, aproveitando as condições ideais de vento e a beleza do local para se divertir e treinar”, divulga.

Voando na água

O produtor cultural Rodrigo Amaral, conhecido por sua habilidade em conquistar os ventos e fazer manobras desafiadoras, se tornou bicampeão neste ano da categoria bidirecional, conquistando o título de Rei do Lago. “O kitesurf entrou na minha vida por meio de amigos que praticam voo livre com asa delta em Búzios, no Rio de Janeiro. Eu pensei assim: se eu não posso voar, vou fazer kitesurf”, conta o atleta. Essa simples reflexão foi o ponto de partida para a sua jornada no esporte.

Rodrigo destaca os benefícios físicos e mentais que o kitesurf proporciona. “A concentração no momento da prática permite que você não pense em nada, apenas esteja ali, como se fosse uma meditação. A atividade também traz um bem-estar físico e mental, além da conexão com a natureza”, explica.

O desafio e a beleza do vento

A analista em ciência e tecnologia Camila Costa, 43 anos, coroada como “Rainha do Lago”, conta que o kitesurf entrou na sua vida de forma inesperada, porém marcante. “Em 2005, enquanto pedalava pela orla do lago, algo me chamou a atenção: algumas poucas pessoas estavam se aventurando com uma espécie de ‘pipa’ que eu nunca tinha visto antes. Assisti algumas vezes as pessoas praticando, mas ainda não tinha começado a temporada de vento. Obtive informações sobre cursos, equipamentos e, quando a temporada começou, eu fiz algumas aulas. A partir de então, o kitesurf se tornou uma parte fundamental das minhas férias”, detalha.

Camila Costa: “É possível transitar com o kite por praticamente toda a extensão do lago, com segurança”

Segundo Camila, velejar em Brasília, especialmente no kitesurf, é uma experiência única, mas com muitos desafios. “O vento em Brasília não é dos mais fáceis de se velejar, precisa de uma boa leitura e atenção, o que se adquire na prática. Costumamos ter por aqui vento rajado, ao contrário dos ventos constantes do litoral nordestino, e com alguns buracos, o que muitas vezes deixa os velejadores inexperientes ou impacientes em algumas roubadas”, ensina a atleta.

Ela também aponta uma das condições favoráveis do Lago Paranoá. “É um lago de água doce. Em um dia de vento clássico, que o lago quase vira um mar, é possível velejar o dia inteiro, pois não tem aquele incômodo de arder os olhos da água salgada. Além disso, é possível transitar com o kite por praticamente toda a extensão do lago, com segurança. Se qualquer imprevisto acontecer, tem uma borda do lago relativamente próxima a você”.

Qualidade da água do lago

A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) mantém um programa de monitoramento da qualidade da água e de balneabilidade do Lago Paranoá, pautado nas Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), portarias do Ministério da Saúde, licenças de operação de seus sistemas e demais normativos correlatos ao tema.

Bruno Batista: “Aconselhamos que os usuários do Lago observem as áreas disponíveis para as diversas atividades que o lago proporciona”

“O monitoramento do lago para fins de banho e recreação é feito pelo Laboratório da Caesb, por meio da coleta e análise de amostras de água, semanalmente, em 10 pontos de pesquisa, distribuídos em torno dos 48 quilômetros quadrados abrangidos pelo lago. Três tipos de testes são feitos: um para medir o pH (grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água), outro para aferir a quantidade de coliformes fecais (bactéria Escherichia coli) e outro para atestar a presença de floração de algas nocivas. Mensalmente, outros sete pontos são monitorados com maior gama de parâmetros”, explica o coordenador de Análises Biológicas e Limnológicas do Laboratório da Caesb, Bruno Batista.

Ele alerta que as águas das áreas próximas das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) da Asa Norte e da Asa Sul são permanentemente impróprias para banho ou atividades esportivas, mesmo que o esgoto seja eficientemente tratado. “As áreas de banho monitoradas pela companhia são aquelas definidas pelo Decreto no 39.555/2018, que estabelece o zoneamento de usos do espelho d’água. Aconselhamos que os usuários do Lago observem as áreas disponíveis para as diversas atividades que o lago proporciona”, frisou Bruno.

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