“Minha casa rachou em T”: moradora denuncia abandono após desabamento parcial de condomínio

04 agosto 2025 às 16h00

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Onze famílias seguem desabrigadas após o desabamento parcial do condomínio Flores do Bosque, na Etapa C, em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Uma das moradoras afetadas, Thamy Tibana, afirma que a situação está longe de ser resolvida. Segundo ela, há falhas graves no projeto apresentado pela construtora responsável, além de descaso com hospedagem, alimentação e falta de respostas concretas.
De acordo com Thamy, sua residência foi a mais atingida pela movimentação do solo, apresentando rachaduras em formato de “T”. Apesar disso, a documentação fornecida pela empresa sustenta que o imóvel “não oferece risco”. A Defesa Civil, no entanto, interditou a casa, classificando o risco como elevado. “Minha casa teria que ser derrubada para fazer outra, mas como são casas geminadas, se derrubar a minha, a do vizinho cai junto. Ou seja, pode derrubar a rua inteira”, alerta a moradora.
Ela também critica o plano de contenção proposto pela empresa, que prevê apenas três muros para toda a área afetada. “O muro nem começou a ser feito e eles falam em reformar tudo em dois meses. Isso é impossível”, pontua.
Além da insegurança estrutural, as famílias denunciam precariedade no atendimento fora de casa. Segundo Thamy, representantes da empresa Bela Mares teriam solicitado ao hotel a realocação dos moradores, sem apresentar alternativas viáveis. O apoio prometido para alimentação também não estaria sendo cumprido. “Estamos há quatro dias sem receber o valor da alimentação. Algumas pessoas estão em locações por aplicativo e nem o valor combinado estão recebendo. Tem uma senhora que operou a catarata em meio a esse caos e está sem o que foi prometido. Estamos sendo humilhados”, denuncia.
Empresária, Thamy relata que precisou interromper seu trabalho devido ao abalo psicológico. “Perdemos tudo o que conquistamos. Não tenho estrutura emocional. Minha filha, que estava em casa no momento do desabamento, está tendo crises de pânico. São noites mal dormidas, sem saber como vai ser o amanhã.”
Ela afirma que o advogado que representa as famílias já ingressou com uma liminar na Justiça, mas, até o momento, não houve retorno judicial.
O que diz a construtora
Em nota, a construtora Bela Mares informou que tem tentado, sem sucesso, contato com o advogado das famílias desde o início da semana, o que estaria dificultando a formalização de soluções emergenciais.
“Temos buscado insistentemente estabelecer contato com o advogado, especialmente quanto à definição do valor da locação ou direcionamento para um imóvel. Apesar das inúmeras tentativas, não obtivemos qualquer retorno”, diz o comunicado.
A empresa afirma que apresentou propostas e listas de imóveis para a realocação dos moradores, destacando que essas medidas não interferem em eventuais processos judiciais sobre indenizações.
“A ausência de resposta do advogado, que se apresentou como representante dos moradores, tem inviabilizado o andamento das providências. Assim, passamos a entender que isso reflete, até o momento, a vontade dos representados”, conclui a nota.
Por fim, a construtora reafirmou estar aberta ao diálogo e à realização de reuniões, e reiterou seu compromisso com “a responsabilidade social, a legalidade e o bem-estar das famílias afetadas”.
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