Com apenas 26 anos, o brasiliense Victor Hugo Monteiro de Andrade, ou, simplesmente, Victor Dimba, é o vereador mais jovem a assumir um mandato na Câmara Municipal de Planaltina. O nome eleitoral se deve ao seu pai, o ex-jogador de futebol Dimba, que atuou em grandes clubes brasileiros, como Flamengo, Botafogo e Goiás, e ainda vestiu a camisa do Al-Ittihad, da Arábia Saudita.

Em vez dos gramados, porém, Victor optou por ser “artilheiro” no campo político, recebendo o voto de confiança de 587 planaltinenses no último pleito. Com atuação combativa, realizou várias denúncias na tribuna, como as supostas irregularidades ocorridas durante o aniversário de Planaltina e a possível existência de atendimentos médicos em hospital público condicionados a apoio político.

Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, o vereador fala mais detalhes sobre seu debut na política e ressalta como deve ser a real função do Poder Legislativo no clássico sistema de freios e contrapesos adotado pelas principais democracias.

Luciana Amaral – Você estudou medicina na Argentina e é filho de um ex-jogador de futebol e de uma professora. O que o motivou a entrar na política e se tornar o vereador mais jovem de Planaltina?

Victor Dimba – Quem me inspirou a entrar na política foi o meu avô, Geraldo de Melo, pioneiro e idealizador de vários bairros de nosso município, como a Barrolândia, além de ter sido candidato a vereador em 1992.

Luciana Amaral – Durante o aniversário de 132 anos de Planaltina, houve denúncias de cobrança indevida de taxas aos vendedores ambulantes por parte de empregados comissionados e de empresas terceirizadas. Você e o vereador Carlim Imperador (PROS) solicitaram ao Ministério Público investigar o caso. Como ficou essa questão, afinal?

Victor Dimba – Em março deste ano eu e o vereador Carlim Imperador recebemos a denúncia de uma cobrança irregular dos comissionados por meio de pix, que ficou conhecido como “a farra dos pix”. Reunimos todas as provas e levamos o caso ao conhecimento do Ministério Público. Além disso, protocolei na Câmara Municipal um pedido de CPI, que precisava de seis assinaturas das 17 possíveis. Conseguimos cinco, faltando apenas uma para ser instaurada. Diante de todas as denúncias, o prefeito de Planaltina sequer exonerou os comissionados de seus cargos, que continuam atuando em suas funções de confiança do Executivo.

Luciana Amaral – Outra denúncia diz respeito aos atendimentos médicos no Hospital Santa Rita, os quais estariam sendo condicionados ao apoio político a determinados pré-candidatos da base do prefeito, o que seria crime eleitoral. Como está a investigação desse caso?

Victor Dimba – Fizemos um requerimento de convocação do diretor administrativo do hospital para prestar esclarecimentos sobre as denúncias, que foi aprovado na Câmara. Porém, esse diretor, coincidentemente após o requerimento ser aprovado, pegou um atestado médico para não comparecer às sessões ordinárias da Câmara. Em seguida, surgiu um boato nos corredores da Casa de que a base governista iria apresentar um requerimento de “desconvocação” do diretor administrativo, que só não foi apresentado porque usei a tribuna e falei que seria um absurdo total, se isso ocorresse de fato. Diante de todo o exposto, o diretor até hoje não compareceu às sessões ordinárias para prestar esclarecimentos, muito menos enviou um motivo justificando tal ausência.

Luciana Amaral – É função precípua de um vereador propor, discutir e aplicar leis a serem aplicadas no município, além de fiscalizar as ações da prefeitura. Sendo este o seu primeiro mandato, como você analisa a sua atuação e de outros vereadores da Câmara Municipal de Planaltina?

Victor Dimba – Avalio esse primeiro mandato de forma positiva e tenho aprendido cada vez mais sobre os trabalhos no Legislativo. Todos os meus compromissos de campanha foram honrados, como o de trazer qualificação profissional à população planaltinense. Ao longo desses três anos de mandato, beneficiamos mais de 8.500 pessoas com cursos de qualificação profissional gratuitos. Para isso, fizemos diversas parcerias com instituições como o Senac, FIEG e CIEE. Em relação à atuação na Câmara, vejo que infelizmente alguns vereadores não estão entendendo a real função de um parlamentar, que é fiscalizar as ações do Executivo. E hoje o que temos visto é uma grande influência do Executivo sobre a Câmara Municipal de Planaltina. É como se a Câmara fosse um “puxadinho” do Executivo municipal. Pode observar que, durante as votações, o prefeito acompanha tudo ao vivo, com telefone na mão, mandando mensagens para o líder de governo e dizendo o que ele tem de fazer.

Luciana Amaral – Durante esse tempo na Casa Legislativa, quais foram os seus principais projetos em benefício da população?

Victor Dimba – Um dos meus principais projetos foi a criação da Comissão Permanente dos Direitos e Defesa das Mulheres, que foi aprovado e da qual me tornei presidente. Também criei a Comissão Temporária da Vacina, da qual também me tornei presidente. Destaco, ainda, o programa “Qualifica Quem Emprega”, que visa qualificar os empreendedores locais; e o “Qualifica Juventude”, com parcerias junto ao CIEE, Senac e FIEG, e cujo objetivo é qualificar jovens estudantes do Ensino Médio, garantindo uma formação profissional e oportunidade de estágio.