Eleito com 341 votos nas últimas eleições em Alexânia, o vereador Rafael Silva Santana, vulgo Rafael Bolinha (Cidadania), é um estreante na política. Nesse pouco tempo, chegou à vice-presidência da Câmara Municipal em 2021 e assumiu o posto máximo da Casa no ano seguinte, com as “contas aprovadas sem ressalva pelo Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCMGO)”, como ele faz questão de frisar.

Quem está à frente da Câmara atualmente é o vereador Adair Rabelo (UB), mas Bolinha continua sendo um dos parlamentares mais atuantes e ficou especialmente conhecido pelas denúncias que fez recentemente na tribuna sobre a suposta existência de funcionários-fantasma na prefeitura de Alexânia.

Mesmo com carreira incipiente na política, já tem traquejo suficiente para alçar voos mais ambiciosos no próximo pleito, a ponto de se declarar pré-candidato à prefeitura do município.

Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, Rafael Bolinha fala sobre sua atuação como vereador, suas pretensões políticas e faz duras críticas ao Executivo municipal.

Luciana Amaral – Esta é a sua primeira experiência num cargo político. Por que, para você, a política é o melhor meio para resolver as necessidades da população do município?

Rafael Bolinha – A política é como o manual de instruções da sociedade. É por meio dela que as decisões são tomadas e as necessidades da população podem ser abordadas de maneira estruturada e organizada. Ela permite que diferentes vozes sejam ouvidas e que as soluções sejam debatidas antes de serem implementadas. É como diz aquela frase: “Quem não gosta de política, vai ser comandado por quem gosta!”.

Luciana Amaral – Como presidente da Câmara Municipal de Alexânia, uma das medidas tomadas foi reformar a sede antiga da Câmara. De que forma isso repercutiu em benefícios para agilização dos serviços prestados pela Casa Legislativa?

Rafael Bolinha – Reformamos a antiga e precária sede da Câmara e construímos um novo prédio no mesmo endereço, este para os gabinetes. Ao consolidar todos os serviços e vereadores em um único local, não só houve uma economia de recursos, mas também uma maior eficiência no atendimento à população. A criação de um espaço mais funcional e agradável contribuiu para fortalecer a conexão entre os vereadores e a comunidade, fazendo com que a população comparecesse à Câmara com muito mais frequência. Além disso, ao investir em um arquivo próprio, não só economizamos em aluguel, mas também garantimos um gerenciamento mais eficaz da documentação. A obra foi realizada em tempo recorde e em apenas um ano concluímos a nova Câmara.

Luciana Amaral – Sua atuação na Câmara tem sido bem combativa, denunciando, por exemplo, o pagamento em dia de servidores que não comparecem ao trabalho. Quantas denúncias nesse sentido já foram feitas e como está o andamento das investigações?

Rafael Bolinha – Até o momento realizei duas denúncias em plenário, a primeira a respeito da Coordenadora de Saúde Bucal, que não cumpria a carga horária estabelecida por contrato e cumulava outro cargo em Anápolis; e a segunda do podólogo, que não atendia há dois meses no município e vinha recebendo pelo serviço não prestado. As denúncias repercutiram até mesmo na imprensa de outros municípios e ambos já não fazem mais parte do quadro da prefeitura, o que comprova as irregularidades. Seguimos investigando; o que for errado, tem de ser combatido, e o povo precisa saber!

Foto: Divulgação

Luciana Amaral – Ao mesmo tempo em que acusa a existência de funcionários-fantasma, você tem dito que existem servidores trabalhando efetivamente, mas não recebem em dia. Como a Câmara está lidando com esta situação?

Rafael Bolinha – Lamentável! Essa é uma situação que deixa todos nós, vereadores, indignados, em especial no que diz respeito àqueles colaboradores compromissados, que trabalham todos os dias, recebem pouco mais de um salário mínimo e são pilares do sustento das suas famílias. Esses são os mais injustiçados! Há relatos de pessoas sem receber há três meses. Seguimos cobrando e apelando para que o prefeito seja sensível a essa situação, porém o mesmo continua de braços cruzados.

Luciana Amaral – E por falar em trabalhadores, os profissionais da saúde foram alçados à condição de “heróis” durante a pandemia. Como se encontra a situação desses profissionais atualmente em Alexânia e o que a Câmara tem feito para valorizar esses servidores?

Rafael Bolinha – Profissionais esses que, inclusive, salvaram minha vida. Peguei Covid na pandemia e, se não fosse por eles, quem sabe não estaria aqui falando com vocês. Por parte do Executivo, não podemos contar com a mesma admiração. Temos o atraso no pagamento de contratados, o não cumprimento do piso salarial, aumento de carga horária dos agentes de saúde, entre outros problemas. Já na Câmara Municipal, todas as matérias que chegaram até hoje relacionadas à melhoria das condições e vencimento desses servidores sempre foram aprovadas por unanimidade, além de haver cobranças constantes por parte dos vereadores, quase nunca atendidas pelo Executivo.

Luciana Amaral – Quais outras irregularidades apontaria na atual gestão municipal?

Rafael Bolinha – Há uma preocupante troca de cargos por favores políticos, decretos afetando servidores, infraestrutura em crise por falta de massa asfáltica, máquinas sucateadas. A situação financeira é precária, com dívidas no Alex Prev, atrasos no pagamento de contratos e problemas no transporte de saúde. A educação enfrenta riscos com falta de monitores e infraestrutura das escolas deteriorada. O hospital sofre com a falta de medicamentos. A concessão da Saneago vencida é também uma preocupação. Tudo isso ocorre em meio a alegações de falta de recursos, levantando preocupações em vista das eleições e do número de cargos comissionados e credenciamentos atuais.

Luciana Amaral – Em relação à sua atuação como vereador, poderia dizer quais as suas principais propostas e o que efetivamente virou lei?

Rafael Bolinha – Eu acredito que a atuação de um vereador não tem de ser pautada em propostas, mas sim em propósito, e o meu é atuar em prol do bem-estar da comunidade. Toda reivindicação da população que chega até mim, sendo de interesse da coletividade, é abraçada, e eu defendo com unhas e dentes. O vereador tem de ser o para-choque da população, e trabalhar para que a mesma receba do Poder Executivo todos os serviços que tem direito, com a dignidade e qualidade à altura dos impostos que são pagos.

Agora, sobre os nossos projetos, destaco a lei que impede que vereadores sejam barrados em órgãos públicos, outra que isenta o pagamento de taxas para os feirantes e comerciantes durante a realização da Feira do Troca, obrigatoriedade para realização das provas de concurso público no nosso município, e emendas importantes, que possibilitaram a realização da pavimentação asfáltica na Serra do Ouro, aquisição de um veículo para a saúde do distrito de Olhos D’Água, entre outras.

Luciana Amaral – Quanto às eleições 2024, você pretende realmente se candidatar a prefeito? Que mudanças deseja implementar enquanto gestor?

Rafael Bolinha – Sim, hoje sou pré-candidato a prefeito em Alexânia. Nosso grupo abraçou a ideia e cada dia nosso projeto cresce na cidade. Já contamos com o apoio da Câmara Municipal, de lideranças políticas, e somos muito bem recebidos pelos quatro cantos da cidade. Sempre falo no plural, porque política é coletividade; aquele que pensa que vai bater essas eleições sozinho e sem precisar de ninguém, está muito enganado. É muito cedo para falar sobre as mudanças que desejamos implantar, pois esses temas devem ser discutidos com toda a sociedade. A nossa função é viabilizar o que o nosso povo quer e precisa, não o que grupo político “A” ou “B” acha que é certo.