Considerado um dos 100 prefeitos mais bem avaliados no país, Cristiomário Medeiros pode utilizar esse reconhecimento como mais um trunfo em suas pretensões eleitorais e já costura alianças rumo a uma possível reeleição em Planaltina de Goiás. De fato, ele é um nome forte, para não dizer favorito, ao pleito de 2024.

Uma das marcas de sua gestão é o asfaltamento de boa parte do município, que foi um dos seus compromissos de campanha, além, é claro, do reforço na segurança pública, por conta de sua carreira como delegado de polícia. A construção do anel viário, para desafogar o trânsito na região, e do novo complexo hospitalar, por sua vez, também podem reforçar sua imagem de “bom gestor” e conquistar maior aprovação junto à população de Planaltina.

Nessa entrevista ao Jornal Opção Entorno, Cristiomário dá mais detalhes sobre sua experiência política e suas principais ações como prefeito.

Luciana Amaral – Fale um pouco sobre sua trajetória. Por que resolveu ingressar na política?

Cristiomário Medeiros – Cheguei em Brasília aos 12 anos de idade, sendo filho de mãe solteira e empregada doméstica. Cresci no Varjão, na época uma favela e hoje uma região administrativa do Distrito Federal. No último concurso que prestei, para delegado de polícia, vim para Planaltina de Goiás, no ano de 2014. Então, fiquei envolvido com a cidade e fui incentivado a entrar na política. Em 2016 disputei minha primeira eleição e fiquei em terceiro lugar, com quase 8 mil votos. Na sequência, tornei-me suplente de deputado estadual, com quase 14 mil votos no estado de Goiás; em 2020, fui eleito para a prefeitura de Planaltina. Agora vamos trabalhar para a renovação do nosso mandato.

Luciana Amaral – Devido à sua experiência como delegado, a segurança pública foi um dos motes de sua campanha. O que melhorou em Planaltina, nesse quesito, desde que assumiu?

Cristiomário Medeiros – De fato, acabei ganhando um destaque nessa questão da segurança pública, por ser delegado de polícia. Tínhamos uma cidade bem complicada e violenta; a estrutura da Polícia Civil na época não era muito boa, então começamos a organizar as investigações, mostrar a presença da polícia na região. Fizemos um trabalho muito forte, com boa integração entre as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros. Contamos, ainda, com a atuação da Guarda Civil Municipal. Hoje a segurança da cidade melhorou bastante e houve redução expressiva nos números dos crimes mais relevantes. Esses bons resultados se devem também ao governo Caiado, que deu muito suporte às polícias nesse período.

Luciana Amaral – No sábado passado, dia 18, foi realizada na Câmara Municipal uma palestra sobre autismo. O senhor esteve presente e nas redes sociais algumas mães reivindicaram a disponibilização de terapias e espaços adequados para crianças autistas. O que a prefeitura tem feito a respeito?

Cristiomário Medeiros – Estruturamos o Espaço Manuela, com capacidade para atender até 80 crianças e adolescentes autistas. O local conta com toda a parte terapêutica e profissionais habilitados. Se precisarmos atender mais pessoas, vamos ter de buscar lugares alternativos na cidade para comportar a demanda. No dia desse evento na Câmara Municipal algumas mães pediram que a gente ampliasse esse atendimento. Falei na ocasião que iríamos trabalhar nesse sentido principalmente na parte educacional, de formação de professores, para identificar melhor esses casos.

Cristiomário durante visita em uma das escolas de Planaltina (Foto: Divulgação)

Luciana Amaral – Algumas obras importantes de sua gestão foram a nova base do SAMU e reforma das unidades de saúde. Há, ainda, a previsão de construção de um novo complexo hospitalar para o município. Como será esse projeto?

Cristiomário Medeiros – Desde que assumimos, procuramos melhorar o atendimento básico de saúde. Houve, por exemplo, reestruturação da parte laboratorial, com troca de equipamentos. Antes fazíamos cerca de 5 mil exames/mês; hoje podemos fazer até 40 mil. O tempo de espera também diminuiu muito. Além disso, recuperamos postos de saúde em sete localidades e construímos um no bairro Imigrantes. Temos, ainda, um projeto grandioso, o Visão para Todos, um mutirão de cirurgias de catarata. Já operamos 1.500 pessoas, mas esperamos chegar a 2 mil beneficiados até o ano que vem. Em relação ao novo complexo hospitalar, ele será construído na quadra 16, no Setor Norte. Estamos buscando os últimos recursos para fazer a primeira parte, que é a nova maternidade. O motivo dessa obra é que o nosso hospital atual (Hospital Municipal Santa Rita, no bairro Santa Rita) foi construído na época em que tínhamos 30 mil habitantes e hoje temos 150 mil, além da unidade atender cidades vizinhas. Portanto, precisamos de uma estrutura mais ampla e adequada. Para se ter ideia, hoje podemos ter três médicos por plantão, mas se eu quiser colocar um quarto profissional, não haverá consultório disponível por falta de espaço físico. Futuramente, depois que desativarmos o hospital atual, vamos definir se o espaço será reaproveitado para outra atividade.

Luciana Amaral – Hoje está ocorrendo do Dia D da saúde no município. Poderia falar um pouco mais a respeito dessa iniciativa?

Cristiomário Medeiros – É o terceiro evento do tipo que fazemos, sempre no último sábado de cada mês, e escolhemos alguns pontos estratégicos da cidade para isso. Desta vez, inserimos postos de atendimento no Centro de Esportes e Lazer (CEL) das Artes, no Paquetá; no Centro Comunitário do bairro Imigrantes; e no Condomínio Sonho Real. A pessoa pode, por exemplo, trocar receitas de medicamentos e fazer o controle da glicose e da pressão. Fazemos, neste caso, uma “busca ativa”, atendendo pessoas que têm dificuldade de ir ao posto de saúde. Queremos, assim, reforçar a saúde preventiva e primária, diminuindo a demanda sobre o nosso hospital.

Luciana Amaral – Estão disponíveis também, neste Dia D, postos de atendimento para o Refis, uma oportunidade para as pessoas quitarem suas pendências com o governo. Ainda existe muita inadimplência no município?

Cristiomário Medeiros – Disponibilizamos os mesmos locais de atendimento à saúde mais a prefeitura para inserir postos da Secretaria da Fazenda. É uma oportunidade para os moradores negociarem suas dívidas com desconto junto à prefeitura. A ideia é buscar o recurso que o morador está devendo para a gente poder continuar realizando as obras. Não tem milagre nesse negócio. Eu administro recursos que não são meus, mas do povo, da comunidade. Então, depende da população. Quem paga imposto, ajuda a viabilizar obras na cidade.

Sobre a inadimplência, ainda temos cerca de 60% de contribuintes que não pagam IPTU. Quando assumimos a prefeitura, esse percentual era maior, de 80%, devido à falta de credibilidade das gestões anteriores. Os números melhoraram porque, conforme vamos fazendo obras e mostrando nosso trabalho, estimulamos as pessoas a quitarem seus débitos sem necessidade de ação judicial ou algum tipo de pressão.

A pavimentação no município é um dos compromissos da prefeitura (Foto: Divulgação)

Luciana Amaral – A prefeitura de Planaltina de Goiás se comprometeu a pavimentar toda a cidade. Quantos quilômetros já foram asfaltados até o momento e o que a população pode esperar até o fim do mandato?

Cristiomário Medeiros – Temos um programa muito ambicioso de pavimentação, mas vai depender dos recursos, com a colaboração da comunidade. Fizemos nova pavimentação em praticamente todos os bairros da cidade, mas ainda existem muitas áreas a serem trabalhadas. Temos um cronograma e pretendemos, até o final do ano que vem, fazer mais 300 mil metros quadrados de asfalto, porém ainda não resolveremos totalmente essa questão. O que não pode, na minha opinião, é parar com o serviço. Cada governo que entrar, tem que dar continuidade até concluir tudo. Sendo bem sincero, não conseguiremos finalizar 100% da cidade, mas teremos realizado, no acumulado, quase meio milhão de metros quadrados de asfalto. É muita coisa para uma cidade que há mais de 10 anos não tinha sequer um metro de asfalto feito. Além disso, temos uma obra grande de drenagem, a qual deve resolver problemas crônicos de alagamento e melhorar a coleta de águas pluviais.

Luciana Amaral – Por falar em infraestrutura, já estão em andamento as obras do anel viário leste. Quais os principais benefícios dessa construção para a população?

Cristiomário Medeiros – Planaltina hoje só tem uma opção de entrada e saída, sendo que, no horário de pico, o trânsito fica insuportável. Com o anel viário, vamos desviar cerca de 40% desse tráfego para a parte alta da cidade, criando mais uma alternativa e melhorando a mobilidade. Devido à obra, essa região vai ganhar, inclusive, uma área comercial nova, o que implica em desenvolvimento e geração de emprego e renda.

Luciana Amaral – A questão da mobilidade urbana é algo que sempre aflige a população do Entorno. Inclusive, em maio o senhor havia recorrido de uma decisão que aumentava o preço das passagens. Como ficou essa questão, no fim das contas?

Cristiomário Medeiros – Infelizmente a justiça derrubou a primeira liminar e nós já havíamos conseguido segurar o valor das passagens. A realidade é que o governo federal não parece ter boa vontade de cooperar com o estado de Goiás e o DF para dirimir esse problema. A solução, neste caso, é estabelecer um consórcio envolvendo as três partes: governo do DF, governo de Goiás e governo federal. Depois, fazer novas licitações e estabelecer um subsídio. O processo licitatório é importante para que não se dê dinheiro a uma empresa que não presta um serviço de qualidade. Por incrível que pareça, estamos aqui há anos sem ter uma licitação. É uma coisa até difícil de entender. Numa prefeitura como a nossa, o Ministério Público sempre cobra da gente, para que não compremos nada a não ser por licitação. Por outro lado, há um sistema de transporte que movimenta milhões de reais, os caras dão algumas autorizações precárias e as empresas funcionam sem participar de um processo de disputa. É uma coisa muito ruim e você sofre com os ônibus que vivem quebrando, não cumprem horário e não atendem as localidades adequadamente. Portanto, a gente precisa, além de repensar essa questão do financiamento, que é o subsídio, repensar também a qualidade do serviço prestado. A trava está no governo federal. Ele que deveria tomar essa iniciativa. Não é uma questão só de Planaltina, mas de todo o Entorno. Precisamos de uma solução.

Foto: Divulgação

Luciana Amaral – O senhor assinou a Carta-Compromisso do programa Cidades Sustentáveis, como parte do projeto Planaltina 2030, que visa colocar o município entre os 10 melhores de Goiás. Poderia dizer alguma iniciativa feita para concretizar esse objetivo?

Cristiomário Medeiros – Assumimos alguns compromissos e um deles, dentro do projeto Planaltina 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), é fazer as mulheres aumentarem sua renda e se tornarem mais independentes dos maridos. Em casos de agressão, um dos aspectos que pesam mais é a renda, porque muitas mulheres, infelizmente, dependem financeiramente do agressor e permanecem na situação de violência em função da necessidade econômica. Estamos trabalhando essa questão de modo a diminuir, inclusive, a violência contra elas.

Luciana Amaral – Ainda, dentro da temática do desenvolvimento sustentável, Planaltina de Goiás filiou-se, este ano, à Associação Brasileira de Municípios (ABM) e ao Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia (GCoM). Isto demonstra o compromisso da prefeitura com o meio ambiente?

Cristiomário Medeiros – Trabalhamos muito com a prevenção e o cuidado das áreas de interesse. Temos o Parque Ecológico Nascentes do Rio Maranhão e a Lagoa Formosa, com 13 quilômetros quadrados de espelho d’água, sendo uma das nascentes do Rio Maranhão, além de ser fonte da água fornecida aos moradores. Durante muito tempo houve descuido dessas áreas. Agora temos uma legislação muito mais rigorosa. Criamos, inclusive, um fórum permanente de meio ambiente e já está prevista uma grande reforma no nosso parque. Estamos também trabalhando para implantar um modelo de coleta seletiva na cidade. Iniciativas assim estão entre os nossos projetos de desenvolvimento sustentável na área ambiental. E temos também ações em outros setores, como saúde, educação e a questão da mulher, como havia lhe falado. Então, estou muito otimista de que a cidade vai avançar muito nos próximos anos nesse aspecto de cuidado com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.

Luciana Amaral – Para finalizar, como estão os preparativos para as eleições 2024? O senhor já é pré-candidato à reeleição?

Cristiomário Medeiros – Eu pretendo disputar a eleição no ano que vem e já estamos trabalhando para trazer os partidos ao nosso projeto. No momento são 11, mas queremos atrair mais alguns. Temos também um grupo muito bom de pré-candidatos a vereador e uma base muito forte na Câmara Municipal: dos 17 vereadores, 13 são próximos da gente e vamos organizar até março as filiações, para viabilizar nossa disputa em 2024.