A situação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Etapa B, em Valparaíso de Goiás, tem gerado revolta entre moradores e preocupação nas empresas de limpa-fossa. Com a suspensão temporária do despejo de dejetos no local, determinada pela Saneago, o mau cheiro voltou a incomodar quem vive nas proximidades. Empresários do setor alertam que, sem uma definição sobre onde descartar o material, o preço do serviço deve aumentar — e quem vai sentir o impacto é a população.

“Aqui em casa não dá mais pra ficar com as janelas abertas. O cheiro é forte, ainda mais no calor. E agora, com essa confusão, a gente que vai pagar mais caro ainda pela coleta?”, reclama Lizanildo Rodrigues, morador da cidade.

Segundo ele, grande parte dos moradores depende dos caminhões limpa-fossa. “Antes o serviço custava R$ 150, R$ 200. Já estão cobrando R$ 300 ou mais, porque estão tendo que levar o esgoto para outras cidades, que também não querem mais receber”, disse.

Do outro lado, os empresários afirmam que o problema afeta diretamente o funcionamento das empresas e que, se não houver uma definição imediata, não será possível segurar os preços.
“Nós só paramos no dia da reunião com o prefeito, agora voltamos a trabalhar. Mas se segunda-feira não resolverem, vamos ter que aumentar o preço. A população vai acabar pagando por isso. Não é o que a gente quer, mas não tem outra opção”, explicou Gabriel Henrique, dono de uma das empresas do ramo.

Os caminhões, que antes despejavam os dejetos na ETE da Etapa B, estão sendo redirecionados para estações em Novo Gama e Cidade Ocidental — o que representa aumento de custos e de tempo. Segundo a categoria, esses locais também já começam a recusar o material.

Durante um protesto realizado por empresários do setor, o prefeito Marcus Vinícius (MDB) reconheceu os problemas e afirmou que já cobrou soluções da Saneago. “Não dá para continuar do jeito que está. A Saneago suspendeu o despejo, mas não indicou outro lugar definitivo para os caminhões. Eles prometeram que seria ou em Cidade Ocidental ou no Lago Azul. A verdade é que o município não tem contrato ativo com a Saneago, e queremos que eles coloquem no papel metas claras para resolver o problema do esgoto em Valparaíso.”

O prefeito também informou que uma reunião foi marcada para a próxima segunda-feira (23), com a presença de representantes da empresa e do município. A expectativa é definir um novo ponto de descarte até que as obras de melhoria na ETE sejam concluídas.

A Saneago, em nota, afirmou que a ETE da Etapa B está funcionando dentro dos parâmetros, mas passa por melhorias para reduzir os odores. Segundo a empresa, estão sendo feitas limpezas nas lagoas, e será instalado um novo reator com capacidade de diminuir em até 70% o cheiro ruim. Durante esse processo, o despejo dos caminhões foi suspenso temporariamente.

A companhia também informou que os caminhões podem utilizar, provisoriamente, as estações do Ocidental Park e da Lago Azul, e que todas as medidas estão sendo acompanhadas pela Prefeitura, por órgãos ambientais e pela imprensa. Sobre a antiga estação construída há quase dez anos, mencionada por moradores, a empresa não se manifestou.

Enquanto isso, os moradores continuam enfrentando o mau cheiro e o risco de pagar mais caro por um serviço que, segundo eles, deveria ser garantido por uma gestão mais eficiente. A próxima semana será decisiva para definir o futuro do tratamento de esgoto no município.