O deputado federal Alberto Fraga (PL) ampliou as críticas ao governador Ibaneis Rocha (MDB) em um vídeo divulgado nas redes sociais. Na gravação, ele afirma que o governador teria o hábito de “comprar as pessoas” e declara que Ibaneis estaria “muito mais rico depois de roubar o BRB em 12,2 bilhões de reais para comprar títulos podres do Banco Master”, banco que, segundo ele, era considerado falido.

Fraga também cita que, “se eu não me engano, inclusive dinheiro do IPREV”, teria sido usado na operação, mas reconheceu que não possui documentos para comprovar a informação. O parlamentar também criticou o ministro do STF, Alexandre de Moraes, dizendo acreditar que ele “vai barrar essa investigação”.

No vídeo, o deputado afirma ainda que Ibaneis “não vai conseguir comprar a Câmara Distrital” e se, o caso avance, o governador “vai estar no sal”. Em outro momento, ele diz que um julgamento considerado por ele sério deveria resultar em “prisão perpétua” para o governador. Fraga afirma que Ibaneis tem sido chamado de “faraó que trouxe as pragas do Egito”, ao citar problemas em áreas como saúde, educação e segurança pública.

Em conversa com a reportagem, Fraga reafirmou todas as declarações. Ele explicou que a informação sobre o IPREV veio de uma fonte, mas não de documentos: “eu não tenho nada de documento sobre isso”. O parlamentar disse acreditar que o caso é ainda maior do que o que está sendo investigado publicamente e que envolve “muita gente graúda, muita gente alta da República”.

Fraga mencionou também o empresário Daniel Vorcaro, afirmando que ele teria envolvido “uma teia de gente poderosa”. Para o deputado, a soltura do empresário é um indicativo da influência dos envolvidos. Ele cita ainda que a desembargadora responsável pela decisão teria “cinco gestões fraudulentas” e o mesmo advogado de Vorcaro.

O parlamentar reforçou que, em sua visão, “não tem como o Ibaneis escapar”, e disse que a ordem para a operação teria partido do governador. Ele classificou o caso como “maior do que o da Lava Jato” e defendeu a criação de uma CPI no Congresso, embora reconheça dificuldades na coleta de assinaturas, já que o processo foi iniciado por Rodrigo Rollemberg, o que, segundo ele, gerou resistência.

Movimentação para abertura de CPI na Câmara Legislativa

Em busca de mais detalhes sobre a tentativa de criar uma CPI na Câmara Legislativa, nossa produção procurou o deputado Max Maciel (Psol), responsável pela coleta de assinaturas. Ele informou que a oposição mantém sete assinaturas, mas ainda falta uma para que o pedido seja protocolado.

Segundo o parlamentar, “ainda estamos em 7 assinaturas e precisamos de 8 para que a CPI seja protocolada. Posteriormente serão necessárias 13 para que entre como prioritária”.

Max Maciel afirmou que a base governista na CLDF tem dificultado o avanço da proposta:
“Infelizmente a base do governo na CLDF não está colaborando para que aconteça essa CPI tão importante, por isso estamos contando com a pressão popular para que os deputados se movimentem. Toda a oposição já se manifestou, mas eles ainda são maioria e é necessária a adesão.”

Decisão do STF sobre o caso

O caso envolvendo o Banco Master ganhou novo capítulo após decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. Ele determinou que o avanço das investigações relacionadas ao banqueiro Daniel Vorcaro dependerá de autorização da Corte. O ministro acolheu pedido da defesa para que o processo seja analisado pelo STF, já que há menção a um deputado federal, autoridade com foro privilegiado.

Com isso, todas as medidas judiciais passam a ser decididas pelo ministro, e não mais pela Justiça Federal em Brasília. Toffoli manteve o processo sob sigilo, afirmando que a competência é da Corte por envolver pessoas com prerrogativa de foro.

Vorcaro e outros investigados foram alvo da Operação Compliance Zero, que apura fraudes na concessão de créditos pelo Banco Master e a tentativa de compra da instituição pelo BRB. As suspeitas apontam para irregularidades que podem chegar a R$ 17 bilhões.

No fim de novembro, a desembargadora Solange Salgado, do TRF-1, concedeu habeas corpus e determinou a soltura de Vorcaro e outros ex-diretores e ex-sócios. Eles seguem monitorados por tornozeleira eletrônica, estão proibidos de atuar no setor financeiro, de manter contato com outros investigados e de deixar o país.

Entramos em contato com a assessoria do Governo do Distrito Federal (GDF) para solicitar posicionamento sobre as declarações, mas não houve resposta até o fechamento deste texto. O espaço segue aberto.