Esgoto a céu aberto e falta de estrutura colocam Valparaíso em alerta ambiental

09 julho 2025 às 17h49

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Moradores de Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, enfrentam uma situação crítica relacionada ao descarte de esgoto. Um dos focos de preocupação é a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), popularmente chamada de “pinicão”, que, segundo autoridades locais, opera sem licença ambiental.
“Estamos diante de um problema ambiental sério e urgente, que além de causar odor insuportável aos moradores, também reflete a má gestão dos recursos hídricos da cidade”, disse a ambientalista Paloma Ludmyla durante uma reunião recente na Câmara de Vereadores. O encontro contou com a presença da associação de moradores e do Ministério Público de Goiás (MPGO).
A especialista alertou que os rejeitos da estação estariam sendo despejados na bacia do Ribeirão Saia Velha, o que compromete a qualidade da água. “Valparaíso está à beira de um colapso sanitário. Muitos condomínios foram construídos com sistema de fossas e hoje os caminhões limpa-fossa estão proibidos de despejar na ETE por conta da sobrecarga”, alertou.
Segundo Paloma, a situação se agravou após um reajuste nos preços dos serviços, decorrente de medidas da Saneago que impediram o descarte no local. “Há pessoas que simplesmente não conseguem pagar”, completou.
A ambientalista defende que novos alvarás de construção só sejam concedidos mediante a implantação de rede de esgoto. “Consórcios públicos e parcerias público-privadas são caminhos para evitar tragédias como a que vimos em Padre Bernardo”, afirmou. Ela também recomenda alternativas como fossas ecológicas, que dispensam o uso de caminhões e provocam menor impacto ambiental.
Enquanto o debate avança, aumentam as denúncias de moradores sobre esgoto a céu aberto. Um vídeo enviado à reportagem mostra o despejo direto em um córrego conhecido como Mangal. “Tem três anos que denunciei isso aí e está a mesma coisa. É uma rede clandestina jogando esgoto direto no córrego”, afirmou um morador que preferiu não se identificar. Ele apontou diversos condomínios da região como possíveis fontes do problema. De acordo com a apuração, o esgoto clandestino é de alguns condomínios como: Belle Nature, Varandas III e Varandas IV.
Diante das denúncias, o Ministério Público informou que há um inquérito civil em andamento para apurar o possível despejo irregular no Córrego Mangal. A promotoria aguarda o laudo da Polícia Técnico-Científica para confirmar se há contaminação da água e identificar a origem da poluição.
A Saneago, por sua vez, informou que equipes estiveram na ponte do Córrego Ipiranga e não constataram descarte irregular. A empresa destacou que a fiscalização dessas ocorrências é responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
A companhia também esclareceu que alguns condomínios da região utilizam fossas sépticas, o que foi autorizado durante a implantação dos empreendimentos.
A reportagem do Jornal Opção Entorno entrou em contato com a Prefeitura de Valparaíso de Goiás, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
O caso segue sob investigação e reforça o alerta sobre a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para o saneamento básico na região.