Modernização no sistema de pagamento do transporte no DF afeta moradores do Entorno

12 julho 2024 às 14h59

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Para entrar em um ônibus de 52 linhas que circulam dentro do Distrito Federal, há muitas opções disponíveis aos passageiros: pagamentos no débito, no crédito, cartões do BRB Mobilidade e método de pagamento por aproximação, como smartphones, smartwatches e pulseiras inteligentes. Exceto dinheiro. Eis a questão. O sistema de transporte no DF está sepultando o papel-moeda para dar lugar à tecnologia. E esta modernização será uma realidade nas cerca de 800 linhas locais até o fim do ano, de acordo com a previsão do GDF, afetando também os moradores do Entorno. Afinal de contas, tem um bocado de gente que vem para trabalhar na capital federal e, além do transporte interestadual, precisam, em muitos casos, se deslocar nos “baús” que trafegam exclusivamente nas vias do “quadradinho”.
São novos tempos, que podem significar mais praticidade, mas, ao mesmo tempo, podem ser também uma dor de cabeça para quem está habituado a andar com as tradicionais cédulas e, ainda, as moedinhas para ajudar na hora do troco.
“Dinheiro é um atrativo para o crime”
Se isso pode ser motivo de preocupação, ainda que temporária, para usuários do transporte coletivo, para o titular da Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob), Zeno Gonçalves, é uma grande solução. “Ano passado foram quase R$ 280 milhões circulando dentro dos ônibus. Isso impacta na segurança que envolve ter transação em dinheiro vivo. Dinheiro é um atrativo para o crime. Tirando o dinheiro, você tira esse ponto de risco”, argumentou ele, em entrevista ao podcast da Agência Brasília. “Agilizamos o sistema, embarques mais rápidos para os usuários. Brasília precisa dar exemplo como uma capital moderna”, complementou, acrescentando que, desde que o sistema passou a vigorar, o percentual da população que utilizava dinheiro para pagar a tarifa diminuiu de 15% para 2%.
Ele esclareceu que essa implementação é gradativa e mesmo a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) de suspender a ampliação do novo sistema de pagamento em mais ônibus, não deve atrapalhar o cronograma.
Sistema integrado beneficiaria o Entorno

Já a secretária do Entorno (SEDF-GO), Caroline Fleury, em entrevista ao Jornal Opção Entorno, disse que o uso da tecnologia é uma tendência natural, mas há questões que precisam ser levadas em consideração, como a integração do sistema, a fim de contemplar os moradores da região circundante ao DF. “O grande objetivo é realmente tirar o dinheiro de circulação, pensando em segurança e na agilidade do acesso. Porém, é preciso ter um cuidado muito grande nessa transição, para não dificultar a vida de quem mais precisa, que é o usuário do transporte”, pondera. “Essa modernização, a princípio, segrega e deixa o passageiro do Entorno em dificuldade, porque ele usa dinheiro em espécie em um transporte e é obrigado a adquirir o cartão para outro. Isto mostra a necessidade de se pensar o transporte de forma integrada e com uma única governança”, conclui.
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