Executivo da Johnson & Johnson é preso em Goiás por trabalho análogo à escravidão e agressão à mãe
26 novembro 2024 às 12h02
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O empresário e executivo da Johnson & Johnson do Brasil, Jair Junior, foi preso suspeito de agredir a própria mãe, de 77 anos, e submeter uma empregada doméstica, de 18 anos, a condições análogas à escravidão, em Sítio D’Abadia, no leste goiano. Filho do ex-prefeito de Formosa, Jair de Paiva, o empresário foi um dos candidatos a prefeito na cidade nas eleições municipais de 2024.
A prisão realizada pela Polícia Militar de Goiás (PM-GO) ocorreu nesta segunda-feira, 25. Ele foi autuado por lesão corporal, injúria, maus-tratos, trabalho análogo à escravidão, sequestro e cárcere privado. Procurado, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) informou que Jair continua preso e que ainda não há audiência de custódia marcada.
A corporação chegou até o empresário após ser acionada pela jovem, que trabalhava na fazenda do político. Ela conseguiu fugir da propriedade rural e, ao chegar em uma estrada de terra, pegou uma carona até o município de Mambaí, onde acionou policiais plantonistas.
Conforme relatou à PM, a jovem saiu de Brasília em junho deste ano, depois de ser buscada por Jair para que cuidasse da mãe e do pai na fazenda. Entretanto, desde que começou a trabalhar para o empresário, não foi paga da forma combinada, recebendo apenas algumas diárias. Durante o período em que permaneceu na propriedade, a jovem também foi submetida a humilhações, além de ser xingada pelo executivo.
Jair, conforme relato da funcionária, também restringiu a liberdade da vítima, impedindo o contato com outros funcionários e o uso de telefone celular. No dia da prisão, ele chegou a agarrá-la pelo braço de forma agressiva, além de jogar o celular contra os seis da vítima, a obrigando a desbloquear o aparelho. Ela fugiu enquanto o empresário conversava com um gerente.
Agressão contra a mãe
A funcionária também contou à PM que a mãe do empresário era submetida a agressões físicas, mas que não tinha como denunciar os crimes devido à restrição imposta por Jair. Durante o resgate da idosa na fazenda, a mulher confirmou as afirmações da jovem e ainda disse ter sido agredida no domingo, 24.
Aos policiais, ela contou ter sido empurrada pelo filho, o que fez com que caísse e batesse a cabeça, assim como o braço. Imagens anexadas no documento feito pela Polícia Civil (PC), que investiga o caso, escancaram hematomas no corpo da idosa.
Ainda conforme relatado, a mulher pediu “pelo amor de Deus” para que Jair não voltasse para casa e que queria sair do local, a fim de ficar longe do filho. A vítima reforçou que tinha interesse em representar contra o filho.
O Jornal Opção não conseguiu localizar a defesa de Jair para que se posicionasse. A reportagem também procurou a Johnson & Johnson do Brasil, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto. (Pedro Moura)
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